domingo, 28 de setembro de 2008

Os 7 dias que antecederam o dilúvio

Por toda a Bíblia vemos versículos que ressaltam a eterna de misericórdia de Deus. A título de exemplo, cito Romanos 11:32, que diz que Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, para com todos usar de misericórdia. Assim, não só com seus filhos mas com toda a humanidade, Deus sempre procura exercer a Sua misericórdia primeiro, par depois aplicar o Juízo.

Quando Deus mandou Noé construir a arca, provavelmente as pessoas zombaram muito deste, dizendo que ele estava louco. Naquele tempo não havia ainda chovido na terra. E para aquele povo, mergulhado na iniqüidade e sem a menor crença em Deus, o acontecimento de coisas que eles jamais viram seria então impossível. Serem destruídos então por um rio de águas que desabaria do céu era um hipótese que para eles chegava a ser ridícula.

Mas ainda assim, quando Noé construiu a arca e colocou todos os casais de animais lá dentro, Deus ainda deu um “prazo”. Veja:

Porque, passados ainda sete dias, farei chover sobre a terra quarenta dias e quarenta noites; e desfarei de sobre a face da terra toda a substância que fiz." (Gênesis 7:4)

Mas, qual o porquê desse prazo? A Bíblia não afirma que a porta da arca estava trancada. Podemos olhar então esse prazo de duas formas.

Primeiro: As pessoas que viram Noé, os animais e toda a sua família na arca perceberam então que Noé foi mais longe em seu projeto. Não parou só na construção da arca, mas também colocou nela tudo e todos que Deus designou que fosse colocado e se pôs pronto a esperar a chuva que destruiria a Terra. Foi esse então um sinal de que Noé poderia estar certo. Se Noé se isolou do mundo externo, se todos os tipos de animais, mesmo os mais selvagens, sujeitaram-se a um senhor idoso e entraram numa embarcação e ainda todos os seus familiares também entraram na arca e foram com ele, aquela situação então passou a parecer bem mais do que um simples ato de loucura de um homem caduco. Se as pessoas tivessem parado para pensar racionalmente, teriam se arrependido de suas iniqüidades e seguido a Noé. Durante sete dias aquelas pessoas tiveram a chance de contemplar a arca com todos os seus “passageiros” e tinham então uma oportunidade de se arrepender. Era então o tempo da misericórdia. Mas o “engano da injustiça” (2 Tessalonicenses 2:10) na qual aqueles homens estavam atolados fez com que eles mais uma vez se fizessem cegos e perdessem tal oportunidade.

Segundo: Aquele parecia ser também um teste de paciência. Imagine Noé dentro daquela arca, isolado do mundo externo, sem poder sair, e nada da chuva cair. Noé era homem e também passivo de acreditar ou não em Deus. Seus familiares também poderiam duvidar, pela demora, do que haveria de acontecer. Em seus corações, poderiam pensar que estaria demorando demais para cair a água que Noé havia anunciado. Assim, os sete dias foram também uma provação para os que estavam na arca, pois a fé em Deus envolve também paciência. Foi preciso que a família de Noé provasse acreditar em Deus através da espera, por mais uma semana, sem ver o resultado anunciado, para aí sim serem libertos da ira vindoura.

O paralelo com os nossos dias é evidente. Como já descrito em outro artigo desse blog (“Vivendo em dias como os de Noé”), a própria Bíblia assegura que os eventos que acontecerão nos últimos dias guardará semelhança com os eventos que aconteceram nos dias de Noé (Lucas 17:26).

Assim como as pessoas daquele tempo em que Noé anunciou o dilúvio, hoje as pessoas em geral estão ouvindo falar do aumento da fome, pestes e de um sem número de catástrofes, como já predito na Bíblia (Mateus 24:7). Pela primeira vez na história começou a se cumprir no século passado o que estava escrito na Bíblia: que haveriam terremotos em vários lugares (Marcos 13:8). Inclusive nos mares estão havendo tremores, como ocorreu com o caso das tsunamis, até poucos anos atrás desconhecidas por quase todos. Até o século passado o número de tremores de terra na história da humanidade eram esparsos, chegando a ficar anos seguidos sem haver tremores no mundo. Mas há poucas décadas a Terra começou a tremer em várias regiões diferentes, como já foi predito pela Bíblia.

Sem contar os sinais, quem aí fora que nunca ouviu um crente falando que o mundo está caminhando para o fim, que Jesus Cristo está voltando, que os dias do Apocalipse estão às portas ou que o Anticristo vem aí? Como naquela época, os alertas da destruição vindoura estão sendo percebidos, e os homens não poderão dizer que não foram “avisados” do que iria acontecer.

Há também no nosso tempo um teste de paciência. Em paralelo àquele tempo, podemos dizer que estamos dentro da arca, nos sete dias que antecedem a ira de Deus. Um tempo onde o mundo nos chama para fora, onde a iniqüidade está estabelecida no mundo e parece nos atrair para longe de Deus. O teste de fé e de paciência para nós que estamos em Deus é de permanecer n’Ele, mesmo que as pessoas digam que estamos errados, que as coisas em que cremos não irão acontecer, que a fé que carregamos é em vão ou que estamos perdendo as “melhores coisas” da vida. Ficar na arca de Deus e se isolar do que o mundo oferece é então bastante difícil tendo em vista as tentações que o mundo oferece. Como naquele tempo, precisamos vencer nossas desconfianças e nossas próprias vontades para escaparmos daquilo que há de vir sobre a Terra, que hoje também está ainda mais mergulhada na iniqüidade.

Em outro paralelo, assim como naquele tempo, Deus voltará a mandar à terra coisas jamais vistas. Um dos motivos que levou aqueles homens a duvidar de Deus foi porque eles jamais viram coisas semelhantes às que Noé falava, pois até então não havia caído um só pingo d’água do céu. Agora, experimente falar para uma pessoa que não conhece a Deus que chegarão dias na Terra em que cairão meteoros do céu (Apocalipse 6:13 e Apocalipse 8:8), em que os homens tentarão o suicídio e não terão sucesso, tamanho será o sofrimento (Apocalipse 9:6) ou que rios da Terra se tornarão sangue (Apocalipse 11:6). Se muitos que dizem acreditar em Deus dentro da própria igreja ainda duvidam de tais coisas, quanto mais os que não crêem em Deus. Esses sim chegam até a rir disso.

Um último ponto de comparação é a falência moral da sociedade em geral. A Bíblia nos conta que nos tempos de Noé os desígnios dos corações dos homens eram continuamente voltados para o mal, que a iniqüidade havia se multiplicado e que a Terra estava completamente tomada pela violência (Gênesis 6:5 e Gênesis 6:13). Em nosso tempo, a situação não é diferente. A Bíblia adjetiva os homens dos últimos dias como avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos e uma série de outras desprezáveis características (2 Timóteo 3:2). Como Deus naquele tempo achou necessário trazer a destruição sobre a Terra, na Grande Tribulação o juízo será ainda mais pesado, pois além da morte virá também uma porção inconcebível de sofrimento e dor sobre os homens que aqui estiverem (Marcos 13:19). Mais uma vez o julgamento de Deus virá sobre a Terra e atingirá todos os homens que optaram pela iniqüidade, preterindo a fé naquele Deus que os criou.

O que é interessante na Bíblia, e que sempre procuro evidenciar nos artigos, é que Deus não só anuncia na Bíblia as coisas que hão de vir, mas dá sinais disso. Nesse exemplo de Noé, como em tantos outros, Deus nos mostra que outras vezes na história do homem, ficou provado ser possível o cumprimento do seu Juízo ainda que neste se inclua coisas as quais os homens jamais viram semelhante. É por isso que quem procura conhecer a palavra de Deus, se conscientiza da verdade de Deus e não corre o risco de ser enganado (João 8:51). Mas, o tempo da misericórdia ainda está em vigência. A “porta da arca de Deus” ainda está aberta aos que desejam entrar, antes de vir o julgamento que muitos duvidam. Cabe não só a nós, mas a todos que ainda estão envolvidos naquilo que o mundo oferece, optar por deixar o mundo e seguir a Deus. Naquele tempo, depois dos sete dias não houve mais oportunidade de arrependimento. E também não haverá chance de “voltar no tempo” depois que o juízo de Deus for operado na Terra

“Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo.” (Apocalipse 1:3)

domingo, 14 de setembro de 2008

Falta de amor ao próximo: uma síndrome dos últimos dias

O nosso tempo, o qual acredito ser o tempo do fim, tornou-se conhecido como a “Era da informação”. Isso se deve ao fato de que hoje a informação é transmitida de um lado a outro do mundo numa velocidade espantosa se comparada a poucas décadas atrás. Com as pessoas acontece da mesma forma. Há aviões de passageiros capazes de dar a volta ao mundo em menos de 24 horas. Seria no mínimo intrigante afirmar ao homem de um século atrás que seu neto poderia sair da China ou do Japão às 12:00 e se chegar ao Brasil na manhã do mesmo dia.

Com essa tecnologia, veio também um crescimento do evangelho sobre a terra, alcançando lugares onde nunca se havia ouvido falar de Jesus Cristo, cumprindo um pedido d’Ele quando esteve entre nós (Marcos 16:15, 1 Timóteo 2:4 e Mateus 24:14). Outro dia ouvi um número que me alegrou: no mundo, acontece cerca de 70.000 batismos por dia. Isso é algo que deve nos alegrar, pois apesar da apostasia reinante na maioria dos lugares, existem pessoas no mundo que têm trabalhado incansavelmente para que o número de salvos se multiplique.

Contudo, essa Era da informação trouxe um grave problema. Com as “facilidades” e comodidades que apareceram, o homem foi atingido por um comodismo sem precedentes. Hoje em dia, tudo pode se passar por nossos olhos com apenas um controle remoto nas mãos. Já não é necessário subir tantas escadas, pois já se multiplicaram as escadas rolantes. E também com as invenções novas que aparecem, já é pouco necessário pedir ajuda ao outro, pois tudo se compra. O homem então se prende num mundo egoísta, foge dos relacionamentos interpessoais. A constituição de uma família deixou de ser prioridade. As mulheres, que outrora dedicavam sua vida exclusivamente para isso, hoje já buscam independência financeira e muitas se orgulham ao dizer que não precisam de homem nenhum. Os homem de modo geral passaram a amar o mundo (1 João 2:15) e os prazeres por ele oferecidos. Investem milhões para alcançarem a cura de toda e qualquer doença que apareça, a qualquer custo, tamanho o amor que tem pela sua própria vida e pelo medo que têm da morte, numa postura totalmente contrária à ensinada pelo apóstolo Paulo (Filipenses 1:21). Esse mesmo medo, aliado à falta de segurança, fez com que os homens levantassem cercas em suas casas, passassem a viver em condomínios isolados e evitassem ao máximo o contato humano com o outro, o desconhecido. O mundo da informação – e do dinheiro – fez também com que os homens buscassem trabalhar “mais do que o necessário” para se alimentar e levar uma vida razoável (Lucas 12:22 e Filipenses 4:6), tendo cada vez menos tempo para a família, para os irmãos e amigos e para servir o seu próprio Deus. O mais interessante é que essas mesmas condutas desse parágrafo são igualmente tomadas por homens e mulheres da igreja.

Assim, cada movimento que surge no mundo e cada invenção que aparece contribuem para uma só conclusão: a de que a profecia afirmadora de que o amor se esfriaria nos últimos dias está se cumprindo (Mateus 24:12)! Principalmente no que toca a questão do amor ao próximo, já que a Bíblia afirma que nestes dias o homem será tomado por um amor a si mesmo maior do que o amor a Deus e ao seus irmãos (2 Timóteo 3:2).

Mas a ordem de Cristo foi totalmente diferente. Ele nos ensinou não só a amar o próximo, mas também que este amor seja ardente (1 Pedro 4:8), pois é esse amor que damos ao nosso irmão é que cobrirá os nossos pecados, os quais foram levados na cruz por Jesus Cristo também em um ato de amor.

Muito além de uma simples recomendação, as ordenanças para se amar ao próximo na palavra de Deus têm peso de lei. Veja:

“A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei. Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás; e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.” (Romanos 13:8-9)

“Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.” (Gálatas 5:14)

“E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.” (Lucas 10:27)

Na última das passagens acima transcritas, Jesus Cristo está respondendo ao questionamento de um doutor da lei que lhe perguntava como faria ele para herdar a vida eterna. E o ensinamento não se resumiu a amar a Deus, mas também a amar o próximo! É claro que Cristo nos ensinou que a salvação se dá através do amor à Deus e por meio d’Ele (João 14:6). Mas aqui Ele nos mostra que o amor à Deus e ao próximo estão intimamente ligados, indissociáveis, impossível exercitar um destes amores e se negar ao outro. Como escrito em Gálatas (acima) impossível é também dizer que cumpre a lei de Deus se não amarmos ao nosso próximo como nós mesmos! O amor ao próximo é então o resumo de todos os outros mandamentos! A Bíblia é categórica ao afirmar que não há nenhum outro mandamento maior do que o de amar a Deus e ao próximo (Marcos 12:29-31), e só faz bem aquele que ama ao seu próximo (Tiago 2:8). Como o livro de Romanos bem ressalta, o amor é uma dívida que jamais será totalmente paga. Por mais que amemos ao próximo, sempre deveremos amar mais e mais, pois o amor expressado na morte de Cristo por nós é inigualável.

Hoje olhamos a igreja e o que vemos é uma situação totalmente diferente. Há irmãos que despertam até a nossa admiração, ao estarem presentes em todas as vigílias, orações, jejuns, campanhas, ofertas. Carregam em si uma grande disposição em servir à Deus e diariamente estão na igreja, mas não amam ao próximo.

Outro dia vi o triste caso de uma mulher que está na igreja há vários anos, criou os seus filhos na igreja, freqüenta a igreja todo domingo, mas, inexplicavelmente, confessou ter roubado a sua própria irmã e ainda disse que colocaria sua própria palavra contra a dela quanto a verdade dos fatos.

Há irmãos também que estão na igreja e que vivem pegando dinheiro emprestado e não pagam, outros dão cheques sem fundo e não cobrem. Outros se assentam e julgam os pecados do outro irmão, dizendo que eles “não são capazes para a fazer a obra de Deus”. Todos estes dizem que ama a Deus, mas o amor não é aplicado em seus olhos, língua e ouvidos quando se referem ao seus próximos.

Enfim, tais homens e mulheres enganam a si mesmos. Pensam que amam a Deus – talvez morrerão acreditando nisso - mas na verdade não amam, porque Deus mesmo disse que o amor a Ele e ao próximo precisam ser simultaneamente exercidos.

Prova disso é o próprio propósito de Deus para o homem. Deus em momento algum quis construir um batalhão de salvos para serví-lo. Pelo menos, não é só esse o Seu propósito. Mas sim, construir uma família. Ele mesmo disse que somos membros uns dos outros, uma família (Efésios 4:25). E uma família nunca será perfeita, se todos os irmãos não provarem serem capazes de amar a todos entre si.

A prova maior disso veremos no dia do julgamento final de Deus, quando todos terão a certeza de que o amor a Deus e ao próximo são unos, inseparáveis. Veja o que Deus dirá àqueles que não “expressaram” o amor que diziam ter em seus corações através de ações de auxílio e amparo ao próximo:

“Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos; Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; Sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me visitastes. Então eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos? Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim.” (Mateus 25:41-45)

Repare que o amor não se manifesta por palavras, mas por ações. Apesar das obras não “salvarem” ninguém (Efésios 2:9), o que vemos acima é que o amor pelo próximo precisa ser demonstrado, como prova de que temos o amor do Pai em nós. Se não demonstramos este amor, a existência do outro é comprometida. E se não temos cravado em nossos corações o amor pelo próximo, provamos a nós mesmos que somos incapazes de fazer parte da família de Deus e de sermos salvos!

Assim, a lição do amor de Deus para os seus filhos passa pelo amor ao próximo. Mentiroso é em trevas está aquele que diz que ama a Deus e não expressa o amor pelo seu irmão. E não sou eu, mas a Bíblia que diz isso.

“Aquele que ama a seu irmão está na luz, e nele não há escândalo. Mas aquele que odeia a seu irmão está em trevas, e anda em trevas, e não sabe para onde deva ir; porque as trevas lhe cegaram os olhos.” (1 João 2:10)