domingo, 20 de julho de 2008

Filemon: O último pedido de um prisioneiro

Eis aí um livro pouco comentado nas igrejas do nosso tempo! Pequeno o suficiente a ponto de ser lido com menor quantidade de tempo do que se leva pra ler esse artigo, Filemon é bem mais do que a última das cartas de Paulo na Bíblia.

É interessante olhar o início de cada uma das cartas que Paulo escreve às igrejas de seu tempo. Na primeira delas (Romanos), ele se nomeia servo de Cristo. A partir de I Coríntios, ele passa a se intitular apóstolo de Cristo; e assim continua até o livro de Tito, quando volta a se chamar de servo.

Mas naquele que é o último livro da Bíblia reconhecidamente escrito por ele, a forma com que ele se intitula é bastante diferente: prisioneiro de Cristo. E mais que isso, Paulo chama a si mesmo de velho (Filemom 1:9).

O que sabemos sobre o final da vida dos apóstolos é que a morte de cada um ocorreu deles foi de forma triste. Dos onze que presenciaram a morte de Cristo, dez, inclusive Paulo, morreram como mártires. O único que não morreu como mártir foi João, que morreu sozinho na ilha de Patmos, onde teve a visão do Apocalipse. O que, convenhamos, não é uma morte menos triste.

Pois bem, Paulo aqui está preso. A perseguição aos primeiros cristãos levava quase todos os que assim se declaravam para as prisões e com o maior pregador do evangelho da época não seria diferente. A situação de Paulo era tão difícil que ele nem mesmo sabia se sairia com vida daquela cela (Filemom 1:22).

Mas Paulo tinha uma esperança e um último pedido a fazer ali dentro: e o pedido era por Onésimo. Mas quem era Onésimo?

Onésimo, cujo nome significa “útil”, até ali teve uma vida não muito condizente ao seu nome. Escravo de Filemon, fugiu dele, ao que parece após ter furtado alguma coisa. Esse mesmo Onésimo em sua fuga encontrou Paulo, e pela sua pregação converteu-se a Cristo e passou a trabalhar e ser útil ao apóstolo.

Sendo ainda escravo de Filemon, Onésimo não poderia permanecer com Paulo pois não era lícito a Paulo aceitar um escravo fugitivo sem o consentimento de seu dono. Onésimo também corria risco de morte porque naquela época se ofereciam recompensas aos que capturavam escravos fugidos. Filemon poderia perfeitamente até crucificar Onésimo por conta de sua fuga, pois as leis da época assim lhe permitiam.

Mas o clamor de Paulo por Onésimo era por um destino diferente. Paulo pediu ao seu cooperador Filemon por Onésimo, que o recebesse como se fosse filho de Paulo. Mesmo sabendo que esse escravo já havia traído a confiança de seu senhor, Paulo optou por acreditar na mudança de vida daquele homem e que ele deveria ser recebido como irmão e cooperador de Cristo por Filemon.

O mais interessante é que Filemon era servo de Paulo. Assim, Paulo poderia ordenar que Filemon o libertasse e o recebesse. Mas não fez isso. Preferiu pedir que tão somente o recebesse, em amor. Aqui temos uma lição interessante. A de que o amor é que deve mover o crente e a obra de Deus, não a força da obrigação ou da sueição. Fico bastante decepcionado quando vejo muitas pessoas hoje em dia tão submissas à autoridade pastoral ou eclesiástica que obedecem tudo o que o seu líder fala. Há igrejas onde o pastor é mais respeitado que a própria palavra de Deus. A Bíblia para alguns virou um livro de estante. Vivemos num tempo onde as pessoas têm preguiça de ler a Bíblia. Preferem falar com o pastor, se aconselhar com ele, pois com ele está a verdade. Não condeno isso, mas penso que antes de tomarmos decisões, precisarmos também consultar a Bíblia e de confrontar todo conselho que ouvimos com ela, para que não corramos o risco de nos afastar da sã doutrina (2 Timóteo 4:3). A obediência total e irrestrita à hierarquia humana e eclesiática deve ser substituída pelo vínculo fraternal da fé em Cristo, que é superior a qualquer outro.

Paulo acreditava tanto em Onésimo que ousou ir mais longe: se Onésimo traísse novamente a sua confiança, que pusesse o prejuízo em sua conta. Assim, Paulo empenhou seu nome em Onésimo. E ainda garantiu que pagaria, ainda que na eternidade.

A Bíblia não conta em detalhes o que aconteceu a Onésimo, mas o que a História registrou foi que esse escravo chegou a ser bispo da Igreja de Éfeso, provando que Paulo, quando acreditou em Onésimo estava certo. Se Paulo tivesse julgado Onésimo pela aparência ou pelo seu passado, ele não teria o encaminhado a Filemon, e talvez aquele homem morreria sem ter sido salvo.

Na igreja do nosso tempo, vejo um exemplo oposto ao de Paulo. Muitos líderes de nosso tempo têm pouco ou nenhum amor os seus fiéis. Igrejas se abrem e se fecham em cada esquina como se fossem estabelecimentos comerciais. Com raras exceções, a grande maioria das igrejas de hoje não crescem! Atravessam os anos com praticamente a mesma quantidade de fiéis (quando não menos), pois não sabem usar de um elemento fundamental: o amor. Posso citar igrejas que se transformaram em verdadeiros pactos de cavalheiros, onde há uma elite de servos que se “destacam”, e aqueles que desejam trabalhar na igreja, ainda que estejam capacitados, são preteridos, encostados, e às vezes saem da igreja sem serem notados. Alguns pastores dessas igrejas quando são confrontados com a Bíblia respondem com conhecimentos humanos. Às vezes nem respondem. Em muitos casos mistério da injustiça (2 Tessalonicenses 2:7) opera até mesmo dentro da própria igreja.

Os que são colocados na posição de líderes, provam sua incapacidade e despreparo ao “jogar pedras” e julgando aqueles que estão (ou algum dia estiveram) em pecado, como se todos nós não praticamos pecado dia após dia, num pleno desconhecimento a dura de verdade de que aqueles que julgam serão submetidos a julgamento semelhante (Mateus 7:1).

A igreja de hoje se transformou numa teia de predileções. Há de se fazer parte dos “12”, da “célula certa” ou de se freqüentar a casa do pastor certo, pois senão você será apenas mais um no templo em dia de domingo. O fiel ideal dos dias de hoje é aquele que vai na igreja todo dia, que não lê a Bíblia – e por isso nunca contesta o que ouve – e que acima de tudo entrega o dízimo, já que a obra, em que ele pouco participa – não pode parar.

E aí eu pergunto: onde está o amor de Deus entre nossos líderes. Onde se aplica o exemplo de Paulo e Onésimo. Será que os pastores têm tratado da mesma forma e se preocupado em manter em seu rebanho tanto os membros abastados quanto os que pouco têm e aqueles servos resistentes ou problemáticos, a exemplo de Onésimo?

A dura verdade é que a igreja de hoje se rendeu ao modelo orientado por propósitos. Onde se evita a Bíblia e cada vez mais o amor entre os irmãos é substituído pelo pré-julgamento, pelo preconceito e por ensinamentos baseados em experiências, às vezes bem difusas à Bíblia.

A mensagem que deixo nesse artigo, é a de que sejamos como Paulo. Que não percamos oportunidade alguma de, pelo amor, acreditar em cada servo que se aproximar de nós, sabendo que, a cada um que julgarmos, e por cada um que passar por nós, haveremos de prestar contas diante de Deus.

Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros; porque o amor cobrirá a multidão de pecados.” (1 Pedro 4:8)

domingo, 13 de julho de 2008

A Igreja de Éfeso

A igreja de Éfeso é a primeira das sete igrejas descritas simbolicamente no livro de Apocalipse. Para os mestres da interpretação bíblica, cada uma das igrejas representa um determinado período na história da Igreja de Cristo na Terra, desde o seu início, a partir de Cristo, até a Sua volta. Eu pessoalmente entendo um pouco diferente. A meu ver, além de uma delimitação cronológica, há também uma coexistência no tempo de algumas (senão todas) dessas igrejas. Na atualidade por exemplo, podemos ter povos ou igrejas cristãs que se comportam como Sardes, outros como Laodicéia e assim por diante. Tanto isso pode ser possível que, ao descrever as quatro últimas igrejas (ver Apocalipse 2:29, Apocalipse 3:6, Apocalipse 3:13 e Apocalipse 3:22), João encerra a descrição de ambas com as mesmas palavras (“Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas”) e nas demais ele diz a mesma coisa só que no decorrer (e não no final) da sua descrição (Apocalipse 2:7, Apocalipse 2:11 e Apocalipse 2:17). Ou seja, a mensagem do Espírito para aquele que lê, é que ouça atentamente o que o Espírito diz às Igrejas (no plural) e não ao que diz a uma delas apenas.

Éfeso então, na interpretação dos mestres, representou na história a igreja do primeiro século. Contudo, ao analisarmos o que a Bíblia diz e as recomendações à essa igreja, vemos que algumas de suas características são bastante aplicáveis à igreja do nosso tempo. Vejamos então como a Bíblia a descreve:

Escreve ao anjo da igreja que está em Éfeso: Isto diz aquele que tem na sua destra as sete estrelas, que anda no meio dos sete castiçais de ouro: Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos, e o não são, e tu os achaste mentirosos. E sofreste, e tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome, e não te cansaste. Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres. Tens, porém, isto: que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no meio do paraíso de Deus.” (Apocalipse 2:1-7)

Apesar da igreja de Éfeso ter sido uma das igrejas que foi censurada por Deus, as suas qualidades também foram evidenciadas. A primeira delas foi o trabalho. A igreja de Éfeso ao que parece não soube o significado da palavra preguiça. Sendo a igreja do primeiro século, num tempo onde o cristianismo praticamente não existia em números significativos, essa igreja trabalhou para a expansão do conhecimento de Cristo. Parece ter de fato ter vestido a armadura de Deus, recomendada por Paulo (Efésios 6:11).

Outra qualidade dessa igreja era a paciência (ou, em outras traduções, perseverança). A paciência e a perseverança são qualidades que só se adquire em tempos de sofrimento. Pelo que a Bíblia aponta, parece que a Igreja de Éfeso foi, a exemplo de Cristo, perseguida entre os homens, mas nem assim deixou sua fé de lado. Soube ser perseverante no meio das adversidades e manteve sua fé inabalável frente às perseguições.

Uma outra qualidade bastante interessante dessa igreja era a de que ela soube provar (ou testar) aqueles que se diziam apóstolos. A Bíblia aponta que já naquele tempo, distante da apostasia dos últimos dias, já existiam os falsos apóstolos e falsos mestres, que foram devidamente provados e reprovados ao serem confrontados com a genuína palavra de Deus, pregada pelos apóstolos (1 João 4:1). Se em muitas de igrejas de hoje, a submissão incondicional à liderança tem aberto a porta das igrejas à falsas doutrinas, a igreja de antigamente nos deixa um ensinamento contrário a tais práticas.

Mais uma de suas qualidades: o sofrimento. Eu pessoalmente acredito que aqueles que na terra sofreram e morreram como mártires de Cristo terão um reconhecimento especial nos céus. E me baseio na Bíblia para pensar isso (Mateus 5:11-12 e Apocalipse 17:6). Outro dia lia aquele livro “O Homem do Céu” e confesso que me senti até mal ao ver como aquele homem sofreu perseguições, os mais diversos tipos de torturas por amor ao evangelho e depois vi a mim e a muitos cristãos da igreja brasileira, que mesmo sem qualquer tipo de perseguição política, fazem bem menos que do que aquele homem faz num país onde o evangelho é tão combatido. Assim como ele, quase 2.000 anos antes a igreja de Éfeso padeceu perseguições e parece ter encontrado o mesmo destino: a perseverança.

Eis ainda a última das qualidades dessa igreja: “odeia a obra dos nicolaítas”. O nicolaísmo é uma prática antiga e ainda comum nas igrejas da atualidade, sobre a qual falarei detalhadamente num dos próximos artigos. Por ora, basta entendermos o significado das palavras. A palavra nicolaísmo é formada por Nikao (conquistar, estar sobre) e Laos (povo, comum, secular). Assim, Nikolaikos significa “aquele que domina sobre o povo”. Orientando o trabalho de cada um e assim por todos, a igreja de Éfeso combateu a existência de uns dominando sobre os outros dentro da igreja. Éfeso entendeu a orientação de Cristo de que a igreja é um reino de sacerdotes e o ideal é que não existam tantos níveis de hierarquia dentro da igreja, já que a função de cada um é a mesma: anunciar o evangelho de Cristo (1 Pedro 2:8-9 e Êxodo 19:6). Sendo Cristo o Cabeça da igreja e, de acordo com a Bíblia, o único representante de Deus perante os homens (1 Coríntios 11:3 e Efésios 5:23), o governo humano deve ser mínimo ou quase nulo dentro da genuína igreja cristã. Éfeso entendeu isso e certamente cumpria a vontade de Deus conforme a simplicidade de seus ensinamentos, hoje apontados na Bíblia.

Após tantas qualidades, Éfeso também teve defeitos. E por Deus foi censurada por seus eles. Deus tinha contra esta igreja que ela havia abandonado o primeiro amor. Mas o que é o primeiro amor?

Para entender o significado dessa expressão, basta ver um novo convertido. Já percebeu como se comporta o novo convertido quando aceita Jesus Cristo? Parece ter encontrado um tesouro! Ele não quer saber de outra coisa a não ser conhecer Jesus Cristo e a sua palavra. No início tudo é amor. Mas, na maioria dos casos, parece que a “paixão” pelo evangelho vai se esvaindo, as seduções mundanas de antes parecem ser mais chamativas e boa parte daqueles que mais se “empolgaram” quando aceitaram a Cristo, acabam em pouco tempo voltando ao mundo.

Na Bíblia, esse abandono do primeiro amor se refere ao primeiro e profundo amor que aquela igreja tinha pelos ensinamentos de Cristo. Mas após algum tempo, aquela igreja, após conhecer a doutrina correta, seguia a alguns mandamentos, se reunia com freqüência, mas deixou o amor sincero a Jesus Cristo e à Sua Palavra. Assim, entendemos o alerta de Cristo a essa igreja de que o amor é mais importante do qualquer esforço ou cerimonialismo religioso. A Igreja de Éfeso teve qualidades de sobra. Qualidades que muitas igrejas de hoje em dia passam longe de ter. Mas para Deus, o amor é a demonstração maior daqueles que O conhecem (1 João 4:8) e a maior de Suas leis (Romanos 13:8). Assim, a perseverança e o trabalho de Éfeso seriam reduzidos a nada se ela não se convencesse da necessidade de voltar ao amor de Deus da forma que era no princípio.

Como Éfeso, muitas igrejas atuais passam pelo mesmo problema: o abandono do primeiro amor. Seduzidos com ofertas do mundo – que às vezes nem possuem aparência explicitamente pecaminosa - como bons empregos, novas oportunidades e até cargos eclesiásticos, muitos têm deixado o primeiro amor e as primeiras obras, muitas vezes sem sequer ter percebido.

Como última recomendação, Deus afirma que se Éfeso não se arrepender, Ele “removerá o castiçal” dessa igreja. Mas o que é isso?

O castiçal (ou candelabro) é um objeto em metal que tem uma função: sustentar a luz. Acima dele vai um número ímpar de velas ou lâmpadas que iluminam um ambiente. Se acima dele não houverem velas acesas, sua função é apenas decorativa. No Tabernáculo, o castiçal tinha a função de iluminar permanentemente o templo (Levítico 24:2), constante, como deveria ser a presença de Deus.

Assim é a Igreja. A igreja é como se fosse um castiçal, que sustenta a luz do mundo, que é Jesus Cristo (João 12:46). Quando não faz isso, ela não cumpre sua função, e acaba funcionando como um castiçal sem velas, que nada ilumina e não passa de um elemento decorativo. Sem o arrependimento genuíno, a igreja de Éfeso continuaria a ser um “castiçal decorativo”, e seria removida por Deus!

O castiçal que não fornece luz é removido! A função do castiçal que a igreja é chamada a realizar é prover luz ao mundo. Não cumprindo essa função, não há sentido nenhum para que a Igreja exista.

Interessante observar que o Senhor não fala de apagar ou destruir o castiçal, mas de tirar do seu lugar. Se o castiçal é tirado de um lugar, é porque há um outro lugar onde ele pode ser útil, ou seja, voltar a iluminar. Ou seja, a igreja de Deus e a Sua presença estarão onde ela for clamada e será estabelecida em meio aqueles que se dispuserem a trabalhar e a amar a Sua Obra. Se os que hoje têm essa função amanhã não se dispõem a isso, outros são chamados para “substituí-los” (Marcos 12:9).

Por mais curioso que seja, o que é narrado na Bíblia de fato aconteceu literalmente naquela igreja. Por mais de mil anos não têm havido igrejas na região de Éfeso. O castiçal daquela igreja foi removido. Hoje há igrejas em Roma, Corinto, Tessalônica, mas não há mais igrejas em Éfeso. Seria apenas uma coincidência ou a prova que as igrejas de Apocalipse são bem mais do que apenas genéricas ou simbólicas? Deixo a conclusão ao que lê.

Entretanto, o que não tem dado margem a muita interpretação é uma outra triste conclusão: a de que a igreja do nosso tempo está caminhando nos mesmos trilhos de Éfeso. Tanto que se os “últimos dias” se estendessem, o número de salvos seria proporcionalmente menor (Mateus 24:22)!

A mensagem a Éfeso vem a nós como alerta: Até que ponto estamos vivenciando o amor de Deus em nossas vidas? Será que estamos vivendo a plenitude do amor de Deus, ou estamos apenas enganando a nós mesmos, quando vamos a igreja, fazemos nosso trabalho ministerial e depois voltamos para casa como se estivéssemos cumprindo tão somente uma rotina dominical? É preciso cuidado pra que não sejamos pegos pelos calcanhares, quando formos cobrados pelo amor de Deus que tivemos em nossas vidas e quanto desse amor demos uns aos outros. A lição de Éfeso para a igreja de nosso tempo não é outra, senão a de que sem o primeiro amor, toda a obra que fazemos a Deus é em vão.

Porque quem ama aos outros cumpriu a lei.” (Romanos 13:8b)

domingo, 6 de julho de 2008

Um exemplo de vida nos nossos dias

Essa semana gostaria de escrever sobre um testemunho que assisti a exatamente 2 semanas atrás. Trata-se da vida de Andressa Duarte Barragana (disponível em http://br.youtube.com/watch?v=Umuyiqg3NdI). Um belo testemunho e aconselho, caso não tenha assistido, que você assista o testemunho antes de continuar a leitura deste artigo. Histórias como a de Andressa nos levam a pensar sobre a justiça de Deus e de como esta é diferente da nossa. Qualquer um que olha para a vida de Andressa se pergunta: Por que sua morte tão precoce, se ela estava cumprindo a vontade de Deus, pregando o verdadeiro evangelho de Cristo (Tiago 1:27)?

Do mesmo modo, há um exemplo semelhante na Bíblia: o de Moisés. Moisés foi um homem que tinha uma promessa em sua vida: a de libertar o seu povo da escravidão do Egito (Êxodo 3:10). Contudo essa libertação de seu povo, possivelmente implicaria em levá-lo a uma terra prometida, na qual só duas pessoas que saíram do Egito nela entraram: Josué e Calebe (Números 14:30). Moisés, usado por Deus para libertar seu povo, não teve então o direito de entrar na terra prometida ao povo de sua época.

Muitos questionam a Bíblia sobre o porquê de Moisés não ter entrado na terra prometida. Alguns defendem que ele não entrou lá por ter pecado contra Deus (Números 27:12-14), com o qual até concordo, pois a Bíblia mesmo dá a entender isso.

Mas o propósito de Deus na vida de Moisés não era o mesmo que a lógica humana poderia esperar. Veja o que a Bíblia nos diz:

"Porquanto pecastes contra mim no meio dos filhos de Israel, junto às águas de Meribá de Cades, no deserto de Zim, pois não me santificastes no meio dos filhos de Israel. Pelo que verás a terra diante de ti, porém lá não entrarás, na terra que eu dou aos filhos de Israel." (Deuteronômio 32:51-52)

Vejamos aqui que a promessa de Deus foi além até do que Moisés poderia pensar. Deus o tirou do deserto, quando já estava de idade avançada, e não permitiu que ele entrasse na terra prometida daquele tempo junto com Josué e Calebe. Teria Deus mentido, se outrora havia falado que Moisés veria a terra diante dele? Mais uma vez, voltemos à Bíblia:

"Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, a Tiago e a João, irmão deste, e os conduziu à parte a um alto monte; e foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele." (Mateus 17:1-3)

"Mas, amados, não ignoreis uma coisa, que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia." (2 Pedro 3:8)

Se o tempo para Deus é contado completamente diferente – um dia pode ser mil anos – podemos concluir que "4 dias" depois de sua morte, Moisés estava no Monte da Transfiguração em Israel, falando com Jesus Cristo. Moisés então estava diante da terra prometida a ele quando ainda era vivo, mas quando a viu, viu também nela pessoalmente Jesus Cristo enquanto homem. Isso prova que Deus não falha com os seus propósitos e promessas (2 Pedro 3:9)!

Acredito que assim como na vida de Moisés, na vida de Andressa, Deus tem um propósito muito maior do que qualquer mente humana pode conceber. Acredito também que Deus a levou por ela já ter cumprido sua missão aqui na Terra, a de levar a palavra de Deus aos que estavam ao seu redor e por ter nos ensinado a lição que sua vida deveria nos deixar: o ensinamento de que estamos nos últimos dias e que se "deixarmos as coisas de Deus para amanhã" em prol dos negócios desta vida, talvez não dê mais tempo.

Imagine se hoje você tivesse o mesmo fim de Andressa e fosse chamado para comparecer diante de Deus para apresentar o que você fez como servo d'Ele aqui na Terra. Qual resposta você teria quando ele lhe perguntasse a quantas pessoas você pregou Sua palavra, quantos você visitou e até que ponto você deixou os negócios do mundo para se dedicar as coisas d'Ele. Pense sobre o que você responderia. O que está em jogo é eternidade.

O testemunho de Andressa, que hoje descansa dos sofrimentos desse mundo penoso, nos serve agora de reflexão, sobre o quanto fazemos (ou não) a vontade de Deus no nosso tempo. O objetivo de todos nós deve ser como o dela, o de se afastar dos negócios desta vida e procurar não amontoar bens, mas brasas vivas sobre nossas cabeças (Romanos 12:20-21).