domingo, 19 de setembro de 2010

Devo acreditar no Pr. Piragine e aceitar que a igreja deve ter predileções ou rejeições entre partidos políticos?

Tem circulado na internet um vídeo que trata do posicionamento político de um pastor, chamado Pascoal Piragine. Seu discurso, claramente político e com pouquíssima argumentação religiosa (como deveria ser a de um pastor), chama a atenção por se posicionar não contra a política ou contra a corrupção, mas apenas contra um único partido político em específico. Muitos pastores têm assistido a esse vídeo e, sem uma análise mais profunda ou pesquisa sobre o tema, tem reproduzido as mesmas críticas parciais de Piragine em suas igrejas, a exemplo do que fez o pastor de minha igreja local no último domingo. Por isso, pesquisei um pouco melhor sobre tais assuntos, assisti ao vídeo em questão, e mandei um e-mail a ele sobre as parcialidades desse vídeo, e-mail com o qual ele concordou quase que integralmente. Dada a importância do tema, publico aqui os trechos principais do e-mail, para que aqueles que lerem também possam ser melhor esclarecidos e terem base para formarem opinião, ao invés de aceitarem uma opinião previamente manipulada, como a de Piragine. Confiram abaixo o texto do e-mail:

“Em face de tudo o que o senhor falou no último domingo sobre política, gostaria de fazer algumas considerações, baseadas no que ouvi e do que tenho conhecimento, até para que o senhor tome nota de fatos talvez não conhecidos. Creio que ao terminar de ler, o senhor poderá formar uma opinião mais fundamentada sobre os temas abordados e Deus poderá falar com o senhor sobre a veracidade das coisas que lhe direi.

Em primeiro lugar, fiquei feliz de ver o senhor chamando a igreja a se posicionar nas eleições. A igreja não pode mesmo ser massa de manobra de ninguém, tem que saber votar, escolhendo homens de Deus, que vão defender aquilo que nós cremos, e não os interesses de uma geração corrompida.

Todavia, vi que as criticas do senhor foram contaminadas por certa parcialidade. A mesma que vi num vídeo que tem circulado pela internet, do Pr. Piragine, do Paraná. Por isso, acredito que o senhor tenha visto esse vídeo e baseado suas críticas, ao menos em parte, pelo que esse pastor disse. Portanto, quero falar de alguns equívocos que esse pastor paranaense cometeu, e que inclusive deverão levá-lo a responder por isso diante da Justiça.

Primeiramente, fiquei “com o pé atrás” ao ver que esse pastor disse estar fazendo parte de “um movimento de católicos e cristãos, contra a iniquidade”. Isso, pelo menos para mim, soou estranho. Não é bíblico que estejamos unidos a outras religiões. Os apóstolos não se associavam às religiões romanas, e deveríamos ser como eles. Para mim isso soou estranho por cheirar ao chamado “movimento ecumênico mundial”, que tem unido pessoas que deveriam ser tão diferentes, como o papa atual e seu predecessor e um dos nomes em evidência no cristianismo internacional, Rick Warren, que é apenas um dos lideres cristãos mundiais envolvidos. Movimento esse que parece estar levando muitos a uma direção de aceitação de uma “religião mundial” que a Bíblia menciona. Todavia, não estou aqui para falar disso. Maiores informações e com maior propriedade, sobre esse assunto, podem ser lidas em http://www.espada.eti.br/n1606.asp, http://www.espada.eti.br/n2311.asp e http://www.espada.eti.br/rc145.asp.

Em seu vídeo, Piragine comete um estranho erro. Ele erra ao conceituar erroneamente a palavra “iniquidade”. A própria Bíblia trata da iniquidade pelo seu sentido denotativo, de injustiça (ver Sl. 14:4, Hb. 1:9 e II Ts. 2:12), e não de “costume com o pecado”, como ele quer dizer. Isso tanto é verdade que ele não cita nenhum versículo sobre tal palavra. A iniquidade, como injustiça social, é que deveria ser tratada de forma mais delicada em nosso pais, o 3º em desigualdade social em todo o mundo.

Sem abrir a Bíblia, Piragine usa como principal artifício um vídeo que já circulava na internet, sobre as imposições do PNDH-3, e o direciona levianamente para atingir o PT. Digo levianamente porque ele usa de um vídeo para o fim que lhe apraz, sem informar o porquê do vídeo ter sido feito. Creio que o senhor sabe o que é esse PNDH-3, mas falarei algumas coisas que talvez o senhor não conheça a respeito.

O programa nacional de direitos humanos é uma carta de intenções, que foi formulada no primeiro mandato do governo FHC, e recebeu nova formulação agora, estando em discussão no Congresso Nacional. O que pouca gente sabe é que em 1993, uma senadora do PSDB, suplente de FHC (que saiu em 1992 para ser Ministro de Itamar Franco antes de suceder o mineiro na presidência), apresentou projeto tentando legalizar o aborto, desde 1993. A suplente, de nome Eva Blay, apresentou o Projeto de Lei no Senado n° 78/1993, revogando todos os artigos do Código Penal que criminalizavam e penalizavam a prática do aborto. Projeto esse que, graças a Deus, não foi aprovado.

O PNDH II (íntegra aqui), também assinado em 2002 por FHC (e não por Lula) previa ampliação dos casos de aborto legal, na página 16, defendendo a ampliação da legalização do aborto, da forma:

179. Apoiar a alteração dos dispositivos do Código Penal referentes ao estupro, atentado violento ao pudor, posse sexual mediante fraude, atentado ao pudor mediante fraude e o alargamento dos permissivos para a prática do aborto legal, em conformidade com os compromissos assumidos pelo Estado brasileiro no marco da Plataforma de Ação de Pequim.

Assim, culpar o PT por tentar legalizar o aborto é uma acusação infundada, imputando a esse partido algo que foi iniciado no governo de FHC, pelo seu partido, que também é o de José Serra. O mesmo José Serra que, enquanto ministro, editou atos normativos regulando a interrupção de gravidez nos órgãos de saúde pública (http://www.cfemea.org.br/pdf/normatecnicams.pdf). O PNDH-3 é apenas o desdobramento de uma política internacional (Plataforma de Ação de Pequim), com a qual FHC se comprometeu pelo país e Lula simplesmente, querendo ou não, em nome do bom senso, é obrigado a concordar, para que as relações internacionais e a confiança do país não sejam estremecidas no exterior.

O pastor paranaense diz ainda que 2 deputados foram expulsos do PT e que nenhum deputado do PT pode votar contra o aborto. Mente em ambos! Os deputados citados foram apenas suspensos e se desligaram do PT por opção própria, para se juntar ao PV. Além disso, o Estatuto do PT assegura ao filiado o direito de se desvincular de decisão coletiva por motivo de convicção religiosa. Isso está no inciso XV do artigo 13 do estatuto do partido, em que consta:

“Art. 13. São direitos do filiado:

XV – excepcionalmente, ser dispensado do cumprimento de decisão coletiva, diante de graves objeções de natureza ética, filosófica ou religiosa, ou de foro íntimo, por decisão da Comissão Executiva do Diretório correspondente, ou, no caso de parlamentar, por decisão conjunta com a respectiva bancada, precedida de debate amplo e público.”

Além disso, o pastor diz ainda que o PT se posiciona a favor do direito da mulher de ter garantida a interrupção da gravidez. Isso é verdade. A posição da PT é essa, mas não obriga os deputados a votarem assim, como mostrei anteriormente. Aí qualquer pessoa pode pensar que se o PT é assim e o próprio PSDB foi quem preparou o caminho na via nacional e na internacional rumo à legalização do aborto, o jeito é votar na Marina, do PV. Mas isso pode ser em um ledo engano, já que o programa de governo do PV (disponível em www.cdlimperatriz.com.br/pvimperatriz/programapv.doc) defende claramente:

- A liberdade sexual e o homossexualismo (quando cita “defender a liberdade sexual, no direito do cidadão dispor do seu próprio corpo e na noção de que qualquer maneira de amor é valida e respeitável”)

- O aborto (pois no tópico 7 de seu programa defende a “legalização da interrupção voluntária da gravidez”, assim como o PT)

- A legalização controlada das drogas (pois em sua plataforma o partido diz que “uma nova política internacional provavelmente passará pela legalização e fornecimento, controlado pelo Estado, como forma de solapar e inviabilizar economicamente os grandes cartéis da droga”)

O que se conclui é que os 3 candidatos a presidente estão, direta ou indiretamente, ligados a iniciativas e/ou a partidos pró-aborto e pró-homossexualismo. José Serra inclusive já se disse favorável a tal casamento, e inaugurou hospitais próprios para travestis em São Paulo como governador. É por isso que entendo que a igreja não deve se posicionar contra esse ou aquele partido, ou contra esse ou aquele candidato, pois todos os que alçam a presidência, mostraram, cedo ou tarde, que não têm compromisso com o evangelho.

Pegar o PT de Lula como bode expiatório para tentar ganhar eleição é um filme reprisado de sessão da tarde. Os mais adultos como o senhor, pastor, certamente se lembram de 1989, ano em que as igrejas do Brasil em massa apoiaram Collor, sob o boato de que, se vencesse, Lula ia fechar as igrejas, perseguir os cristãos, mudar a letra do hino nacional, dentre tantas outras acusações. Por isso, diversos pastores famosos rejeitaram de púlpito o PT e apoiaram Collor. O resultado disso não tardou. Todos nós vimos o que Collor fez em poucos anos no Brasil e como ele terminou seu mandato, sendo obrigado a sair pela porta dos fundos do Planalto após ter lesado milhões de brasileiros e a economia do país. Vimos também, mesmo em face dessas acusações, como Lula entrou em 2003 e pegou um país que, mesmo tendo privatizado suas principais estatais no governo anterior, estava com altos níveis de desemprego e influenciado pela crise da Argentina que abateu também o Brasil, fazendo com que FHC não conseguisse fazer a sucessão.

Lula pegou o Brasil estagnado em 2003 e deixa o país agora, em 2010, ao fim do seu mandato com os mais altos níveis de aprovação popular da história de um presidente, fruto de um crescimento econômico e social que melhorou a vida de muitos brasileiros. De um país sem esperança, para um país que está bem visto lá fora e sendo contado para ser o próximo país a entrar no grupo dos países desenvolvidos. Assim, os frutos de Collor, FHC e Lula, falam por eles.

Eu não voto em Lula, e sim em Marina. Mas reconheço que Lula fez uma boa gestão como presidente. O PT merece ser criticado, mas como mostrei aqui, naquilo que o PT é combatido, os demais partidos também carregam características comuns. Por isso, por esses partidos serem todos tão semelhantes entre si, entendo que a igreja não é melhor lugar para criticar esse ou aquele partido, pois criticar um, subentende-se ser favorável ou estimular o voto ao outro. E o apoio de uma igreja a políticos não pode ser nominal, como faz Piragine, que estabelece o terrorismo para impor suas convicções, usando a igreja como massa de manobra, através de mentiras. Piragine, que foi procurado pela imprensa no Paraná após a publicação de seu vídeo, recusou-se a dar entrevista ou sequer a emitir uma nota, sob a desculpa de que estaria saindo em viagem, o que prova não ter ele agido de forma prudente ao falar do PT pois, se tivesse razões para tanto, teria se pronunciado com provas do que diz.

Reitero, pastor, que não voto em Dilma em 1º turno e não sou petista ou partidário de qualquer partido político. Falo como um servo fala a um superior quando o vê em erro. Sou contra qualquer união entre religião e Estado, pois isso sempre fragiliza a confiabilidade da igreja a longo prazo. Parece-me que Deus sempre permite que as fraquezas de políticos que se dizem cristãos sejam expostas, para que as igrejas entendam que apenas Cristo, e não homens, merece nossa plena confiança. Que aprendamos isso, como igreja, antes da eleição.

Convido o pastor a refletir e verificar as fontes e inclusive assistir vídeos relacionados no YouTube. Estou na nossa igreja pois sempre a admirei como uma igreja que nunca se envolveu com política, mantendo-se sempre fiel a sua visão. Uma igreja que não é levada por ventos nem pela pregação da moda, como essa desse pastor paranaense. E espero que a nossa igreja assim permaneça. Deve-se incentivar o cristão a votar com prudência, mas sem manipulá-lo a ir contra um ou outro partido, pois todos fazem parte de um jogo, de idéias praticamente iguais, que quase nunca divergem em pontos essenciais. É engano pensar que existe um partido melhor do que outro. É preciso ter sabedoria de não se posicionar de púlpito, pois rejeitar o PT, é, na atual conjuntura, concordar com PSDB, de homens como FHC, Marconi Perillo e Aécio Neves (ambos conhecidos por sua truculência contra seus opositores, a exemplo de Jorge Kajuru). Por isso, entrar em política é pisar em terras movediças demais e compromete todos aqueles que o façam.

Que Deus fale com o senhor e que Ele te use para falar à igreja, no próximo domingo, algo realmente imparcial e de acordo com a soberana vontade d’Ele, e não apenas reproduzir suas impressões sobre um vídeo que o senhor tenha visto e achado que parece verdade, pois a verdade não estará sempre na boca de todos os pastores, mas sim na Palavra de Deus, que nos dá o exemplo de Daniel, que sequer comeu daquilo que vinha dos “políticos” da época.”

domingo, 20 de junho de 2010

Os quatro pecados que impedem o fluir de Deus

Sabemos que o pecado não perdoado nos impede de ter plena comunhão com Deus. Além disso, sabemos também que não existe “hierarquia entre pecados”, ou seja, não há uma classificação de pecados em mais leves e mais graves. Existem pecados diferentes e que, por isso, possuem conseqüências diferentes. Mas todos eles nos afastam de um relacionamento pleno com Deus.

Assim, precisamos ser purificados dos pecados da carne. Mesmo não havendo pecados mais graves que outros, existem pecados que, por suas conseqüências, fazem com que o nosso canal de comunicação com Deus fique “entupido”, de forma que Deus não terá a oportunidade de fluir através de nós. A maioria das pessoas luta com quatro pecados da carne, os quais devem ser vencidos antes que o cristão seja capaz de operar ativamente com Deus.

1. O pecado do ódio. Uma das ordenanças de Cristo à igreja é a de que ela permaneça em oração e que evite o sentimento de ódio (1 Timóteo 2:8). Por quê? Porque o ódio impede o fluir de Deus, já que esse sentimento sempre está associado a um pecado ou a ausência de perdão, que também não deixa de ser um pecado. Quando odiamos outra pessoa, estamos colocando nós mesmos e nossos próprios conceitos no centro. O ódio caminha em direção oposta ao amor. Se a Bíblia nos diz que temos que amar ao próximo como a nós mesmos, e que o nosso Deus é amor, se nutrimos tais sentimentos em nosso coração, estamos negando a própria natureza de homens nascidos de novo que somos. Por isso a nossa comunicação com o Pai fica impedida.

Um comportamento não perdoador é o inimigo número um da nossa fé. Mágoas e ressentimentos com relação a pessoas nos prendem a elas. Todavia, o ódio destrói muito mais a pessoa que alimenta em si tal sentimento do que aquele que é odiado, mesmo porque este às vezes sequer sabe que está sendo odiado por alguém. Assim como temos que sujar nossas mãos de barro antes de jogá-lo em alguém, o ódio machuca primeiro aquele que carrega tal sentimento.

Além disso, a Bíblia compara o sentimento de ódio ao homicídio. Aquele que odeia uma pessoa está “matando” ela dentro de si. Na verdade, os homicídios reais nada mais são do que sentimentos de ódio que são externados contra a vida de uma pessoa.

“Qualquer que odeia a seu irmão é homicida. E vós sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele.” (1 João 3:15)

Em nossa vida cristã, precisamos ser canal de benção na vida das pessoas. Contudo, nossas palavras e atitudes sempre irão refletir somente aquilo que está em nosso coração. Será impossível estar em contato com o Senhor e transmitir o amor dele a outras vidas se o nosso coração estiver contaminado com sentimentos de ódio. Apenas quando o ódio é substituído pelo perdão e pelo amor, podemos expressar o verdadeiro amor de Cristo para as pessoas.

2. O pecado do medo. O medo é outro grande inimigo do nosso crescimento espiritual. Se a pessoa carrega em si um temor específico, o poder da destruição começará a fluir a partir dele.

Existem diversos tipos de medos, que podem surgir dos mais diversos tipos de circunstâncias. Existem cristãos, por exemplo, que tem medo de manifestações demoníacas. Assim, se ele se deparar com alguém possesso, ele procurará meios de não orar sobre essa pessoa. Deixa, portanto, de reconhecer a autoridade que a nós é dada por Deus (Lucas 10:19)

Nós como seres humanos temos a infeliz tendência de olhar para as circunstâncias com nossos olhos e com nossos sentidos. Só que fazendo isso, Satanás nos destruirá com o medo. O medo sempre é fruto de uma olhar natural sobre as coisas. Se fechamos os olhos naturais e olhamos para Deus, a nossa fé é exercida e não há espaço para temores. Estando no amor d’Ele, não há motivos para ter medo.

“No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor.” (1 João 4:18)

Logo, as pessoas devem ser instruídas a desistir do temor do seu ambiente e de suas circunstâncias. Se não o fizerem, não poderão desenvolver a fé nem Deus fluirá através delas.

A Bíblia diz que Deus não nos deu espírito de temor, mas de amor (2 Timóteo 1:7). O único temor que devemos ter é o de Deus (Provérbios 1:7).

Uma das recomendações que Deus sempre deu, desde os patriarcas até aos apóstolos, era a de que eles não temessem as dificuldades que haveriam de passar, pois Deus era com eles. Deus só age onde não há medo. Para que Ele venha a agir, o medo e a ansiedade devem ser substituídos pela paciência e pela fé (Salmos 40:1).

O temor nos liga a nossas dificuldades e limitações, e não àquilo que podemos ser em Cristo.

3. O pecado da inferioridade. Sempre que olhamos as circunstâncias, temos o hábito errado de nos sentir pequenos, impotentes. Também o sentimento de inferioridade é demonstração de falta de fé. É necessário que cada um entregue seu complexo de inferioridade a Deus e se permita ser reconstruído pelo amor d’Ele.

O complexo de inferioridade é muito destrutivo. Além de minar nosso potencial, nos torna vulneráveis e nos faz sujeitos a ameaças externas. Quem tem “complexo de inferioridade” sempre terá a tendência de se achar incapaz de tomar decisões e passos de fé, pois a inferioridade traz consigo o pessimismo. Não devemos nos sujeitar às circunstâncias, e sim ao nosso Deus.

“Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.” (Tiago 4:7)

Existe uma verdade que sempre deve estar em nossa mente: a de que nada é impossível ao que crê. Essa é uma palavra que, declarada, nos faz sentir fortalecidos em Deus.

Mas muitos podem dizer que a Bíblia afirma que devemos procurar ser o menor, ou ainda, diminuir a nós mesmos. Mas ser o menor nos fala de adquirir para nós a posição de servo. E diminuir a nós mesmos diz respeito a termos uma postura de humildade, sempre preferindo em honra aos irmãos (Romanos 12:10), e não a nós mesmos. Nenhuma dessas idéias é compatível com a de nos achar inferiores a tudo e a todos.

Temos que, como Paulo, entender que não somos nada, que a nossa vida não tem valor, mas que também há em nós um Espírito que nos faz ser capazes para toda boa obra (2 Timóteo 2:21).

4. O pecado da culpa. Enquanto a pessoa estiver abatida por sentimentos de culpa, Deus jamais fluirá através dela. Precisamos fazer as pessoas compreender que, quando se sentem indignas e cheias de culpa, simplesmente podem ir ao Senhor, e Ele as limpará.

O pecado nos separa de Deus. Mas a culpa é exatamente o sentimento que tenta nos remeter à condição de quem ainda carrega o peso do pecado, ignorando o perdão que já nos foi concedido. É como aquele presidiário que, mesmo após ter cumprido toda a sua pena, continua recluso no presídio por achar que seu crime foi mais grave do que pensou o juiz, sem se lembrar do fato que a sua dívida já foi paga com a sociedade.

Ao livrar-se de seu sentimento de culpa, manifestando entendimento do perdão de Deus e da liberdade que temos para sujeitar todas as acusações do Diabo, o poder de Deus poderá fluir.

“Porque em nada me sinto culpado; mas nem por isso me considero justificado, pois quem me julga é o SENHOR.” (1 Coríntios 4:4)

domingo, 6 de junho de 2010

O princípio da honra

“Olhai por vós mesmos, para que não percamos o que temos ganho, antes recebamos o inteiro galardão.” (2 João 1:8)

O versículo citado nos fala que existe uma recompensa que é obtida por esforço, e que devem ser tomadas precauções para que essa recompensa seja recebida de forma completa. Ora, se há uma recomendação para buscarmos um galardão inteiro, é sinal de que há um galardão “pelas metades”. Cristo fala algo mais detalhado a respeito desse galardão:

“Quem vos recebe, a mim me recebe; e quem me recebe a mim, recebe aquele que me enviou. Quem recebe um profeta em qualidade de profeta, receberá galardão de profeta; e quem recebe um justo na qualidade de justo, receberá galardão de justo. E qualquer que tiver dado só que seja um copo de água fria a um destes pequenos, em nome de discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão.” (Mateus 10:40-42)

Assim, para recebermos a Cristo, é necessário que recebamos aqueles que foram enviados por Ele, tanto o profeta quanto o justo, para que recebamos todo o galardão que nos é proposto.

Receber aqui significa honrar. E honrar é ouvir, respeitar, admirar, dar crédito ao que eles diziam. Nessa passagem, Cristo outorgou aos seus discípulos a mesma posição que Ele tinha: a de anunciador da mensagem de Deus. Por isso, as pessoas deveriam honrá-lo, recebendo a cada um deles como se estivessem recebendo ao próprio Cristo.

Mas a Bíblia nos conta que até o próprio Cristo, em determinadas situações, não foi honrado como deveria:

“E Jesus lhes dizia: Não há profeta sem honra senão na sua pátria, entre os seus parentes, e na sua casa. E não podia fazer ali obras maravilhosas; somente curou alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos.” (Marcos 6:4-5)

No próprio lugar onde Cristo nasceu, as pessoas não o reconheciam. Por terem lhe visto crescer, conhecendo seus pais e irmãos, as pessoas não davam a Ele a mesma honra que recebia quando Ele pregava em outras cidades. Por isso, a Bíblia conta que ali não foram feitas obras maravilhosas.

Entre os judeus o problema foi ainda maior, pois eles se negaram receber a Cristo como Messias. Mesmo sendo o Enviado de Deus, Cristo estava numa “embalagem” de homem simples e humilde e por isso os judeus não aceitaram o presente que Deus havia enviado a eles. Diante disso, Cristo afirmou:

“Porque eu vos digo que desde agora me não vereis mais, até que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor.” (Mateus 23:39)

Ou seja, como os judeus não honraram a Cristo quando Ele se mostrou como um homem simples e acessível, eles agora só voltarão a vê-lo quando derem a Ele a devida honra! A honra de reconhecerem a Ele como aquele que é bendito e que vem em nome do Senhor.

Do que foi falado até aqui, é possível concluir duas coisas: a primeira é a de que Cristo precisa ser honrado para que possa agir; a segunda é a de que, como o próprio Cristo afirmou, os seus discípulos, que são enviados em Seu Nome, tem que ser honrados e recebidos assim como o próprio Cristo!

E esse segundo ponto é sem dúvida o mais difícil de ser aplicado. Os membros das igrejas de hoje estão acostumados a reconhecer os pregadores que vêm de fora, bem como o principal pastor da congregação local, mas poucos reconhecem devidamente os seus líderes imediatos, ou ainda, os membros que lhe são mais próximos. Recebem o galardão de profeta, mas não recebem o galardão de justo, pois não honram aqueles que Deus colocou ao seu lado, para falar da parte d’Ele em suas vidas. Existem então, cinco motivos pelos quais as pessoas resistem honrar seus líderes mais próximos e receberem o galardão completo.

O primeiro deles está na idéia de que o líder não corresponde ao padrão que consideramos aceitável. Isso acontece sempre que o líder tem características das quais não gostamos. Aí deixamos de olhar aquilo que Ele nos fala, para olhar aquilo que achamos que é um defeito. Com João Batista aconteceu isso. Os judeus não o viam com bons olhos porque ele era um homem rude, pouco sociável, de palavras duras. Também não aceitavam a Cristo porque, apesar de ser um homem sociável, manso e humilde, era um homem de origem modesta e que andava com pecadores. Assim, os judeus não aceitariam ninguém que não correspondesse ao tipo de Messias que eles esperavam. Não estavam interessados naquele em que Deus queria enviar, mas sim, naquele que viesse da forma que lhes agradassem.

O segundo motivo é porque pensam que o homem de Deus não é digno de honra. O exemplo de Ana e Eli nos fala a respeito disso. Eli era um péssimo sacerdote. Deus falou a Samuel com 5 anos de idade, mas não falava com Eli. Portanto, ele talvez não fosse o modelo de líder ideal. A Bíblia diz que Eli, ao ver Ana clamando a Deus, a repreendeu duramente, pensando que ela estivesse bêbada. Mas a posição de Ana não foi de repreender ao sacerdote, como muitos de nós poderia fazer, mas sim de honrá-lo, chamando de senhor (1 Samuel 1:15). Por se sentir honrado, Eli liberou sobre ela a benção.

O terceiro motivo é que as pessoas acreditam que não foi Deus quem colocou o líder em posição de autoridade. Mas a Bíblia diz em Romanos 13:1 exatamente o contrário. As autoridades que são constituídas sobre nós, assim o são por Deus. Exemplo disso foi Saul. É costume pensar que foi o povo que pediu um rei e que por isso foi o povo quem escolheu a Saul. Mas não foi. A Bíblia diz que Saul foi escolhido por Deus (I SM. 15:11). Um escolhido que perdeu o trono justamente por ter deixado de honrar a Deus, cumprindo fielmente suas palavras.

O quarto motivo é que as pessoas imaginam que o ato de honrar um líder é um ato indigno. Muitos vêem como um ato de mera bajulação, mas a verdadeira honra não significa isso. Uma das atitudes que demonstra isso é daquela mulher de Marcos 14:3, que ungiu a cabeça de Jesus com um perfume muito caro. As pessoas que viram esse ato, talvez enxergaram uma bajulação ou um desperdício, de algo que poderia ser vendido e doado aos pobres. Mas o próprio Cristo os repreendeu. Não porque é ilegítimo ajudar aos pobres, mas sim, por não ser em vão despendermos esforços para honrarmos os que são enviados da parte de Deus.

Um último motivo é o fato de que as pessoas se sentem superiores ou até melhores do que seus líderes. Comportamento esse que é totalmente contrário à Palavra de Deus, que recomenda que nós tenhamos a todos como superiores a nós mesmos (Filipenses 2:3). Andar com Cristo é assumir uma constante posição de servo. Nós só aprendemos com as pessoas quando nos colocamos em posição menor ou igual a elas. Se olhamos aos outros como superiores, não daremos ouvidos ao que elas dizem e não aprendemos nada com elas. Por isso, é fundamental ter uma postura de servo e honrar aos outros antes mesmo de julgá-los.

Diante disso tudo, vemos que a honra não é um sentimento, mas uma decisão. Uma decisão de aceitar que as pessoas que Deus colocou próximas a nós são valiosas e precisam ser honradas, como o próprio Cristo é honrado por nós. No Novo Testamento, é ensinado que nós demonstramos a maneira que amamos e honramos a Cristo da mesma maneira que fazemos tais coisas aos irmãos mais simples que estão perto de nós (Romanos 13:9; 1 Timóteo 6:1; 1 Coríntios 12:23-25). Honrar então significa uma atitude, algo que precisa ser mostrado diariamente e mesmo nos momentos que implicar em renúncia. Mais importante que o galardão de profeta, é o galardão de justo, pois esse é diário e mais difícil de ser alcançado.

“Porque, se no vosso ajuntamento entrar algum homem com anel de ouro no dedo, com trajes preciosos, e entrar também algum pobre com sórdido traje, e atentardes para o que traz o traje precioso, e lhe disserdes: Assenta-te tu aqui num lugar de honra, e disserdes ao pobre: Tu, fica aí em pé, ou assenta-te abaixo do meu estrado, Porventura não fizestes distinção entre vós mesmos, e não vos fizestes juízes de maus pensamentos? (...) Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis. Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, e sois redargüidos pela lei como transgressores.” (Tiago 2:2-4;8-9)

“Longe de mim tal coisa, porque aos que me honram honrarei, porém os que me desprezam serão desprezados.” (1 Samuel 2:30b)

domingo, 23 de maio de 2010

O terrível sentimento de culpa (II)

Nós não merecemos o perdão de Deus. Assim como a salvação, o perdão por nossos pecados é algo que recebemos pela graça. Graça essa advinda do sacrifício de alguém que deu seu próprio sangue inocente para que nós fossemos livres de toda culpa a partir do momento em que confessamos nossos pecados (Colossenses 2:14).

No Direito, a comprovação da culpa de um criminoso só existe após a acusação. Diante das leis humanas, todos são inocentes, até o momento em que são acusadas e são encontradas provas de que essa acusação é verdadeira, e aí sim a pessoa é condenada. Nem todo que é processado é culpado, alguns são absolvidos, e outros condenados. No mundo espiritual, as coisas acontecem de forma semelhante: há alguém que, quer estejamos certos ou errados, ele sempre nos acusa, que é o chamado de “acusador de nossos irmãos” e que, segundo a Bíblia, dia e noite nos acusa diante de Deus (Apocalipse 12:10)

Assim, o perdão é um favor para nós concedido, ainda que imerecidamente. Por isso sempre que você olhar para si mesmo pensando que pode se justificar diante de Deus por seus erros, você estará errado! Eu conheço uma pessoa que diz que sempre que ouve uma pessoa se justificar muito, ela pensa que ele certamente está mentindo, porque a verdade não precisa ser justificada, apenas apresentada. E isso pode não ser uma regra, mas se aplica em muitos casos.

Muitos de nós estabelecemos “hierarquia de pecados”. Achamos que Deus facilmente nos perdoa de pecados leves, mas que Ele “dificulta” o perdão no caso de pecados mais graves. É claro que isso não existe! O perdão de Deus abrange todo e qualquer pecado, por mais grave que seja, desde que aquele que o confesse demonstre arrependimento, confessando e deixando de praticar aquele pecado (1 Coríntios 6:9-11). Se existe diferença, essa reside nas conseqüências do pecado! Diante de Deus, no dia do juízo, e agora, diante dos homens, é evidente que nós temos responsabilidades e por isso, temos que prestar contas de nossos atos e colher frutos advindos de nossos erros. As conseqüências variam, mas o perdão de Deus é o mesmo e abrange qualquer pecado cometido contra nossos irmãos, ainda que estes se neguem a nos perdoar.

Um personagem da Bíblia que já entendia que poderia ser perdoado, mesmo antes da morte de Cristo, foi Davi. Davi foi um homem que cometeu inúmeros pecados. Alguns deles bastante reprováveis. Cometeu adultério e inclusive provocou a morte de outra pessoa. Enfim, cometeu pecados que maioria de nós jamais cometerá. Mas além de ser alguém que pecava, ele era um homem que sabia se arrepender de seus pecados e que chegou a ser chamado de “homem segundo o coração de Deus”.

Davi cometeu os piores pecados, mas ainda assim foi chamado homem segundo o coração de Deus. Em muitas vezes que o diabo culpou Davi diante de Deus, as acusações não eram sem fundamento. Mas Davi sabia reconhecer seus próprios erros e a clamar pelo perdão de Deus.

“Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu humor se tornou em sequidão de estio. (Selá.) Confessei-te o meu pecado, e a minha maldade não encobri. Dizia eu: Confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado. (Selá.) (Salmo 32:4-5)

Naquele tempo, Cristo ainda não havia morrido pelos pecados dos homens. Assim, o perdão não era algo tão fácil como nos nossos dias. Mesmo assim, Davi clamava pela misericórdia de um Deus que poderia apagar as suas transgressões (Isaías 43:25; Ezequiel 18:21-22)

Davi pecou, mas encontrou liberdade dos seus pecados e sentimentos de culpa diante de Deus. E é diante de Deus, e não do diabo, que somos livres de nossa culpa.

Mas a primeira coisa que pode vir à nossa mente é o fato de que com esse perdão que Deus nos dá nós podemos pecar de forma desmedida que ainda assim seremos perdoados. A princípio esse pensamento pode parecer verdadeiro, mas esse jamais deve ser o pensamento do crente, nascido de novo. Aquele que nasceu de novo, deixa o pecado. Essa é uma demonstração clara na vida daquele que serve a Cristo. Se a pessoa tem o pecado como uma prática sistemática em sua vida, é sinal de que a sua consciência está cauterizada, como se ainda estivesse no mundo. Seria como dizer a Cristo que o aceita como Senhor de sua vida, mas demonstrar com seus próprios atos que não guarda as suas palavras. Uma das maiores demonstrações de amor à Deus está na obediência à seus mandamentos, e aquele que ama mais o pecado do que as ordenanças de Deus, mostra que ainda não ama a Deus da maneira um filho deve amar um pai (João 14:21). Por mais que pareça que o perdão de Deus não exija mudanças de nós, é necessário entender que ter o pecado como um costume e dizer que ama a Deus é por demais contraditório! Não dá para dizer que é nascido de novo sem deixar para trás as obras do velho homem, pois aquele que é nascido de Deus anda em novidade de vida (Romanos 6:4)

Prova disso era a maneira que Cristo lidava com os pecadores que Ele curava: Ele não os condenava por seu passado, mas dizia a eles para não pecarem mais (João 5:14; João 8:11). E a questão do pecado reiterado é séria. Quem peca demais ou tem o pecado como hábito, dá legalidade para demônios agirem contra sua vida. Quem não está em comunhão com Deus, vivendo em pecado, tem em seu coração um espaço aberto para demônios agirem de forma cada vez mais “legalizada” (Lucas 11:26).

Mesmo sabendo que o diabo nos acusa até por pecados pelos quais já arrependemos e confessamos, há situações em que o sentimento de culpa que se passa em nosso interior tem razão. São situações em que estamos em pecado. Aqui o problema não é simplesmente entender o perdão de Deus e rejeitar a acusação maligna, e sim tomar atitudes práticas, arrependendo-se e confessando o pecado cometido. Perceba que o arrependimento precede a confissão, pois não adianta confessarmos nossos erros com os lábios sem que tomemos a decisão de não dar mais espaço para o pecado em nossas vidas! Em Salmos 32, Davi pecou, sabia que o sentimento de culpa não era em vão, mas se arrependeu e depois clamou pelo perdão de Deus. Assim, quando o pecado é um problema crônico em nossas vidas, ele deve ser enfrentado, para que o arrependimento seja real e implique em mudança de comportamento.

Devemos também pedir a Deus que nos mostre quais são os pecados que cometemos e que precisam ser confessados, pedindo perdão de forma sincera e ao mesmo tempo específica. Repare abaixo que Davi clamou a Deus para que perdoasse até mesmo os pecados que ele não se lembrava. Isso é bastante comum no caso de novos convertidos, que evidentemente não se lembrarão de todos os pecados que cometerem. Aqui o mais importante não é ter uma excelente memória para lembrar de todos os pecados, mas sim, desejar, de coração sincero, abandonar a prática de cada um dos pecados que cometeu até conhecer a Cristo.

“Quem pode entender os seus erros? Expurga-me tu dos que me são ocultos.” (Salmos 19:12)

É importante termos em nós a certeza de que Deus nos perdoou dos pecados que confessamos. Sempre que sentimentos de culpa vierem sobre nossa mente e forem relativos a pecados que já confessamos, devemos rejeitar esses sentimentos de culpa como sendo falsos! Ora, se Deus mesmo apagou nossas transgressões com o seu perdão, não somos nós que precisamos ficar lembrando daquilo que já foi deixado.

Sabemos que Deus não mente. Ao contrário, Ele é fiel ao que diz em Sua Palavra. Se ele diz que a Sua misericórdia se renova diariamente e que Ele perdoa os pecados que são confessados, temos o direito de tomar posse desse perdão para nós. E mais do que isso: temos autoridade dada por Deus para repreender aquele que falsamente nos acusa, tentando nos impedir de ter paz e alegria que só são completas quando estamos livres da escravidão do pecado e em plena comunhão com Deus.

“Misericordioso e piedoso é o SENHOR; longânimo e grande em benignidade. Não reprovará perpetuamente, nem para sempre reterá a sua ira. Não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos recompensou segundo as nossas iniqüidades. Pois assim como o céu está elevado acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem. Assim como está longe o oriente do ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões.” (Salmos 103:8)

“Vinde então, e argüi-me, diz o SENHOR: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã.” (Isaías 1:18)

“Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo” (1 João 2:1)

domingo, 9 de maio de 2010

O terrível sentimento de culpa (I)

No último domingo, durante o momento da ceia, um de meus discípulos se negou a receber o pão e o vinho, quando a mesma foi distribuída. Dias antes, ele mesmo havia me contado que vinha sendo tomado em sua mente por sentimentos de culpa. E depois entendi que foi esse mesmo sentimento que o fez não querer participar daquele momento do culto.

Sentimentos de culpa entre os cristãos sempre existiram. É muitas vezes é o nível de culpa na consciência do cristão que pauta o seu comportamento na igreja. É típico daqueles que carregam tal sentimento a tendência ao isolamento, seja por não se sentirem dignos de estarem em comunhão com os demais ou por terem medo de ter suas falhas expostas. É possível analisar o sentimento de culpa dividindo-o em três tipos básicos de comportamentos comuns, todos igualmente errados, de alguém que se sente culpado.

O primeiro é o grupo dos que fogem da culpa. São aqueles que levam uma vida permissiva, sem se preocupar com as implicações de seus atos. Individualistas, geralmente são estes os que negam que existe pecado. Negam sua existência, para negar a culpa proveniente da sua prática. A consciência das pessoas desse grupo é cauterizada, e fazem parte dele apenas pessoas que ainda não nasceram de novo, e que portanto não têm clara consciência do pecado e suas conseqüências.

Há um segundo grupo, daqueles que ao invés de aceitar a culpa, acreditam que podem amenizar os seus efeitos sobre sua consciência através da prática de boas obras. O pensamento íntimo desse tipo de pessoa é semelhante ao dos fariseus. Pensam que podem ser considerados como homens bons se praticarem atos bons aos seus próprios olhos. Dentro desse grupo, há ainda aqueles que acreditam na reencarnação e no entendimento destes, se praticarem muitos atos de solidariedade, poderão ser beneficiados com um nascimento em condição melhor numa “próxima vida”.

Um último grupo é o daqueles que sustentam um pensamento medieval, de auto-flagelação, acreditando que podem remir a si mesmos, na medida que em imponham sofrimento a si mesmos. Na Idade Média e até mesmo ainda hoje, algumas pessoas chicoteiam o próprio corpo, amarram metais pontiagudos em si ou aplicam outros tipos de flagelos sobre seus corpos, na esperança de voltarem a um estado anterior de inocência, livres da culpa trazida pela prática do pecado.

Mas como eu disse anteriormente, todos os três representam comportamentos inadequados e que pouco contribuem para a extinção definitiva desse sentimento ou de seus efeitos. Se no primeiro a conseqüência do pecado será surpreendente e mortal, nos demais a culpa resultante do pecado sempre será um fardo a ser carregado diariamente.

Existe uma verdade bíblica: todos nós pecamos, e o pecado traz consigo morte espiritual, nos afastando de Deus (Romanos 3:23; Romanos 6:23; Isaías 59:2). Se nós pecamos, evidentemente estamos sujeitos a sermos culpados. Assim como um homicida fica em dívida com a sociedade até que sua pena de prisão seja totalmente cumprida, nós também ficamos “em dívida” com Deus a partir do momento em que pecamos.

Mas ao contrário do homicida, que necessariamente terá que passar pela cadeia, nós temos um meio de ficar livres do castigo eterno resultante do pecado. E a Bíblia nos diz que meio é esse:

“Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.” (Isaías 53:5).

Veja que Jesus Cristo foi ferido em razão de nossos pecados. O auto-sacrifício de Jesus pagou o preço por nossos pecados. É como se existisse uma sentença de pena de morte decretada contra todos nós, para cobrir nossa culpa pelos pecados que nós todos praticamos. Aí vem um homem, reconhecidamente inocente, nos tira do corredor da morte, e entra em nosso lugar. Isso é uma das expressões mais maravilhosas do amor de Deus por nós. Conheço um sábio pastor que diz que amor de verdade não é aquele que aparece no final de filmes hollywoodianos românticos, mas sim, o retrato de um homem pregado numa cruz. E é esse amor de verdade que apaga aquilo que nos condena e que traz verdadeira paz para dentro de nós, como se não tivéssemos pecado.

Exatamente por causa desse sacrifício, é que nós, que recebemos a Cristo e reconhecemos o seu poder para nos perdoar, não precisamos carregar o peso da culpa. O tratamento de Deus conosco não é segundo a Lei, mas de acordo com a Graça. Por ela somos salvos, e graciosamente também somos perdoados (1 João 1:9), na medida em que nos arrependemos. O caminho do pecado em nós, a partir do momento em que tomamos consciência dele, é confessá-lo, deixando de praticá-lo, e ser perdoado. Não há espaço para sentimentos de culpa. A culpa só gera remorso, e remorso é diferente de arrependimento.

Enquanto o arrependimento é motivado por um desejo de mudança de postura, o remorso é motivado pelo medo. Quem sente remorso, sabe que cometeu ato injusto, e acredita que será submetido a punição severa. Por isso, na origem da auto-flagelação não está o arrependimento, mas sim o remorso, já que a pessoa impõe a si uma punição “suportável”, acreditando que assim poderá fugir de uma punição futura, a qual acredita ser mais difícil de suportar.

O grande problema do sentimento de culpa é que esse sentimento é sempre fruto de um entendimento errado. Das duas, uma: ou a pessoa sente apenas remorso pelo pecado cometido (não se arrependendo, e assim não desejando, de fato, abandonar o pecado) ou ela simplesmente ignora o poder do perdão divino, que é o único meio dela ser livre da culpa!

Nesse final de semana eu evangelizava uma pessoa, e ela me dizia que até achava interessante ir na igreja, mas ela não conseguia permanecer seguindo a Deus porque não conseguia deixar a mentira. Na ocasião eu disse a ela que mesmo após nascidos de novo nós pecamos, mas a diferença é que não pecamos mais deliberada, e sim acidentalmente. Além disso, entregamos nossas fraquezas a Deus, para que Ele tome o controle e nos ajude a vencer o pecado, pois o Senhor é quem transforma, através da sua maravilhosa graça, cada um dos problemas e pecados em nosso coração.

Entender nossas próprias fraquezas e nossa total incapacidade de anular sozinho a culpa resultante de nossos pecados é o primeiro passo para entender a grandiosidade do amor e do perdão que temos direito desde o momento em que Cristo deu Sua Vida por nós. É a cruz que nos livra da culpa! Precisamos entender que não podemos “compensar” o pecado que gera esses sentimentos de culpa, mas conhecendo a Palavra de Deus podemos ficar livre das acusações do diabo, sejam elas falsas ou verdeiras. Não precisamos nos penitenciar, achando que assim vamos aplacar o sentimento de culpa. Todo o sacrifício para “limpar nossos antecedentes” diante de Deus já foi feito, na cruz do Calvário, e a eficácia desse sacrifício é eterna.

No próximo artigo, falarei a respeito de um homem da Bíblia que soube se comportar diante da culpa resultante de seus pecados.

“Porque com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados.” (Hebreus 10:14)

“E, quando vós estáveis mortos nos pecados, e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas, Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz. E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo.” (Colossenses 2:13-15)

No último domingo, durante o momento da ceia, um de meus discípulos se negou a receber o pão e o vinho, quando a mesma foi distribuída. Dias antes, ele mesmo havia me contado que vinha sendo tomado em sua mente por sentimentos de culpa. E depois entendi que foi esse mesmo sentimento que o fez não querer participar daquele momento do culto.

Sentimentos de culpa entre os cristãos sempre existiram. É muitas vezes é o nível de culpa na consciência do cristão que pauta o seu comportamento na igreja. É típico daqueles que carregam tal sentimento a tendência ao isolamento, seja por não se sentirem dignos de estarem em comunhão com os demais ou por terem medo de ter suas falhas expostas. É possível analisar o sentimento de culpa dividindo-o em três tipos básicos de comportamentos comuns, todos igualmente errados, de alguém que se sente culpado.

O primeiro é o grupo dos que fogem da culpa. São aqueles que levam uma vida permissiva, sem se preocupar com as implicações de seus atos. Individualistas, geralmente são estes os que negam que existe pecado. Negam sua existência, para negar a culpa proveniente da sua prática. A consciência das pessoas desse grupo é cauterizada, e fazem parte dele apenas pessoas que ainda não nasceram de novo, e que portanto não têm clara consciência do pecado e suas conseqüências.

Há um segundo grupo, daqueles que ao invés de aceitar a culpa, acreditam que podem amenizar os seus efeitos sobre sua consciência através da prática de boas obras. O pensamento íntimo desse tipo de pessoa é semelhante ao dos fariseus. Pensam que podem ser considerados como homens bons se praticarem atos bons aos seus próprios olhos. Dentro desse grupo, há ainda aqueles que acreditam na reencarnação e no entendimento destes, se praticarem muitos atos de solidariedade, poderão ser beneficiados com um nascimento em condição melhor numa “próxima vida”.

Um último grupo é o daqueles que sustentam um pensamento medieval, de auto-flagelação, acreditando que podem remir a si mesmos, na medida que em imponham sofrimento a si mesmos. Na Idade Média e até mesmo ainda hoje, algumas pessoas chicoteiam o próprio corpo, amarram metais pontiagudos em si ou aplicam outros tipos de flagelos sobre seus corpos, na esperança de voltarem a um estado anterior de inocência, livres da culpa trazida pela prática do pecado.

Mas como eu disse anteriormente, todos os três representam comportamentos inadequados e que pouco contribuem para a extinção definitiva desse sentimento ou de seus efeitos. Se no primeiro a conseqüência do pecado será surpreendente e mortal, nos demais a culpa resultante do pecado sempre será um fardo a ser carregado diariamente.

Existe uma verdade bíblica: todos nós pecamos, e o pecado traz consigo morte espiritual, nos afastando de Deus (Romanos 3:23; Romanos 6:23; Isaías 59:2). Se nós pecamos, evidentemente estamos sujeitos a sermos culpados. Assim como um homicida fica em dívida com a sociedade até que sua pena de prisão seja totalmente cumprida, nós também ficamos “em dívida” com Deus a partir do momento em que pecamos.

Mas ao contrário do homicida, que necessariamente terá que passar pela cadeia, nós temos um meio de ficar livres do castigo eterno resultante do pecado. E a Bíblia nos diz que meio é esse:

“Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.” (Isaías 53:5).

Veja que Jesus Cristo foi ferido em razão de nossos pecados. O auto-sacrifício de Jesus pagou o preço por nossos pecados. É como se existisse uma sentença de pena de morte decretada contra todos nós, para cobrir nossa culpa pelos pecados que nós todos praticamos. Aí vem um homem, reconhecidamente inocente, nos tira do corredor da morte, e entra em nosso lugar. Isso é uma das expressões mais maravilhosas do amor de Deus por nós. Conheço um sábio pastor que diz que amor de verdade não é aquele que aparece no final de filmes hollywoodianos românticos, mas sim, o retrato de um homem pregado numa cruz. E é esse amor de verdade que apaga aquilo que nos condena e que traz verdadeira paz para dentro de nós, como se não tivéssemos pecado.

Exatamente por causa desse sacrifício, é que nós, que recebemos a Cristo e reconhecemos o seu poder para nos perdoar, não precisamos carregar o peso da culpa. O tratamento de Deus conosco não é segundo a Lei, mas de acordo com a Graça. Por ela somos salvos, e graciosamente também somos perdoados (1 João 1:9), na medida em que nos arrependemos. O caminho do pecado em nós, a partir do momento em que tomamos consciência dele, é confessá-lo, deixando de praticá-lo, e ser perdoado. Não há espaço para sentimentos de culpa. A culpa só gera remorso, e remorso é diferente de arrependimento.

Enquanto o arrependimento é motivado por um desejo de mudança de postura, o remorso é motivado pelo medo. Quem sente remorso, sabe que cometeu ato injusto, e acredita que será submetido a punição severa. Por isso, na origem da auto-flagelação não está o arrependimento, mas sim o remorso, já que a pessoa impõe a si uma punição “suportável”, acreditando que assim poderá fugir de uma punição futura, a qual acredita ser mais difícil de suportar.

O grande problema do sentimento de culpa é que esse sentimento é sempre fruto de um entendimento errado. Das duas, uma: ou a pessoa sente apenas remorso pelo pecado cometido (não se arrependendo, e assim não desejando, de fato, abandonar o pecado) ou ela simplesmente ignora o poder do perdão divino, que é o único meio dela ser livre da culpa!

Nesse final de semana eu evangelizava uma pessoa, e ela me dizia que até achava interessante ir na igreja, mas ela não conseguia permanecer seguindo a Deus porque não conseguia deixar a mentira. Na ocasião eu disse a ela que mesmo após nascidos de novo nós pecamos, mas a diferença é que não pecamos mais deliberada, e sim acidentalmente. Além disso, entregamos nossas fraquezas a Deus, para que Ele tome o controle e nos ajude a vencer o pecado, pois o Senhor é quem transforma, através da sua maravilhosa graça, cada um dos problemas e pecados em nosso coração.

Entender nossas próprias fraquezas e nossa total incapacidade de anular sozinho a culpa resultante de nossos pecados é o primeiro passo para entender a grandiosidade do amor e do perdão que temos direito desde o momento em que Cristo deu Sua Vida por nós. É a cruz que nos livra da culpa! Precisamos entender que não podemos “compensar” o pecado que gera esses sentimentos de culpa, mas conhecendo a Palavra de Deus podemos ficar livre das acusações do diabo, sejam elas falsas ou verdeiras. Não precisamos nos penitenciar, achando que assim vamos aplacar o sentimento de culpa. Todo o sacrifício para “limpar nossos antecedentes” diante de Deus já foi feito, na cruz do Calvário, e a eficácia desse sacrifício é eterna.

No próximo artigo, falarei a respeito de um homem da Bíblia que soube se comportar diante da culpa resultante de seus pecados.

“Porque com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados.” (Hebreus 10:14)

“E, quando vós estáveis mortos nos pecados, e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas, Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz. E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo.” (Colossenses 2:13-15)