domingo, 29 de março de 2009

Tempos penosos

Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, Sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te. Porque deste número são os que se introduzem pelas casas, e levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências; Que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade.” (2 Timóteo 3:1-7)

Hoje em dia, mesmo nos países onde o evangelho não é motivo de perseguição, é possível afirmarmos seguramente que nunca foi tão difícil servir a Deus. Mesmo o evangelho tendo se difundido e alcançado lugares outrora isolados do conhecimento cristão, vivemos num tempo onde os ataques à igreja deixaram de ser exclusivamente provenientes do mundo exterior. Muitas das maiores dificuldades enfrentadas pela igreja do nosso tempo têm brotado dentro dela. Como a igreja de Laodicéia (Apocalipse 3:18), muitas igrejas brasileiras que perderam suas vestes de pureza, vem sendo expostas à vergonha nos meios de comunicação, com seus líderes presos, envolvidos em crimes de lavagem de dinheiro, extorsão e diversos outros. A igreja de Cristo nunca foi tão desrespeitada moralmente como na atualidade. Muito diferente dos tempos de nossos pais e avós, onde os cristãos eram reconhecidos de longe, como homens íntegros e honestos, hoje a maioria dos líderes cristãos não tem se importado com os seus testemunhos de vida.

Se isso não bastasse, o mundo também nunca apresentou tantos impecilhos para se servir à Deus como agora. Feiras, parques e shoppings são alguns dos exemplos de programas tem se tornado, para muitos, mais atrativos do que passar as horas do domingo na presença de Deus. A maioria dos cristãos é incapaz de reservar um único dia na igreja ou em atividades evangelísticas. Para muitos, falar em jejuns e vigílias chega a soar como fanatismo. Vivemos num tempo onde tudo é relativizado, negociado, passível de se dar um jeito. Damos um jeito de sermos aprovados na escola ou faculdade, um jeitinho no trabalho para ganharmos um pouco mais e achamos que é possível também dar um jeitinho para servir à Deus da nossa maneira, como se isso fosse possível. Se aparece algum programa com amigos no domingo, nem pensamos duas vezes antes de faltarmos o culto, afinal “Deus entende”. Para muitos, a igreja virou um mero local de entretenimento. Deixa então de ser prioridade envolver-se nos trabalhos e achamos suficiente ficar sentados nos bancos, conferindo minuto a minuto o horário no relógio o tempo para acabar o culto. E assim, achamos que estamos servindo a Deus e fazendo Sua vontade.

Há ainda um outro problema que confunde muita gente: a diversidade de crenças e doutrinas nas igrejas. Se fôssemos contar a quantidade de diferentes denominações de igrejas espalhada pelo Brasil, chegaríamos a vários milhares. Muitas se orgulham quanto mais afastam ou diferem em sua doutrina da de outras igrejas. Há igrejas onde mulher pode pregar, outras não. Igrejas onde a mulher pode cortar o cabelo, outras não. Igrejas em células, outras não. Igreja que se divide em grupos de 12, outras não. Igrejas que pregam somente a Bíblia, outras que criam suas próprias tradições. Enfim, a diversidade de práticas e de prioridades que cada igreja dá em seus cultos, faz com que as igrejas “construam” um verdadeiro mercado, fazendo da fé um verdadeiro negócio (2 Pedro 2:3). Ganha o “leilão da fé” e aumenta mais o número de seus fiéis aquela igreja que oferecer o que o “cliente” quer, a que defender as doutrinas que ele achar mais interessante ou que pregar o que ele quer ouvir. Nesse “mercado”, a igreja como um todo perde a credibilidade, pois o apóstolo Paulo recomendou que as igrejas pregassem a mesma coisa, não evangelhos segmentados ou adaptados (1 Coríntios 1:10).

As próprias igrejas fazem uso muitas vezes de métodos de evangelismo de eficácia cada vez mais duvidosa. Promovem shows, festas temáticas – a exemplo das festas seculares – investem em publicidade e em um novo tipo de entretenimento: o “entretenimento gospel”. Dizem que tudo no mundo é errado, proibido. Mas as mesmas coisas que os líderes combatem, eles mesmos procuram “cristianizar”. Freqüentar uma festa trance ou uma boite são condenáveis, mas se permite freqüentar esses mesmos lugares se eles forem, pelo menos no nome, gospel. Com a desculpa de atrair os que estão no mundo, muitos líderes cristãos promovem a “cristianização” de eventos seculares mas ao mesmo tempo promovendo tais eventos do mesmo jeito e com o mesmo ritmo de música usado no mundo, o que não diferencia um do outro (1 Tessalonicenses 5:22). Tudo isso ao final só traz confusão à cabeça daqueles que ainda não amadureceram no conhecimento do evangelho, o que gera cristãos mornos, sem compromisso, que seguem apenas movimentos, e que acabam deixando precocemente à igreja, por não verem algo de atrativo nas práticas da igreja, que a faça realmente parecer diferente do mundo (João 17:14).

Além disso, crescem os ataques do mundo ao evangelho de Cristo. Não é muito difícil você encontrar algum estudioso, filósofo, ou mesmo um filme ou um documentário que diga que o cristianismo é uma farsa, uma enganação, que Jesus Cristo é um mito, que religiões foram todas criadas para manipular as pessoas, que a justiça de Deus não existe e absurdos do gênero. É grande também a quantidade de pessoas que deixam de seguir o evangelho por buscarem uma adequação filosófica e científica na religião, ao invés de buscar o amor da verdade (2 Tessalonicenses 2:10).

O que aumenta ainda mais o descrédito das pessoas com o cristianismo é a crescente presença de evangélicos nos cargos políticos. Muitos se elegem contando exclusivamente com os votos de uma grande igreja, um novo tipo de “curral eleitoral”, quando líderes manipulam os votos de seus fiéis a candidatos que se comprometam a defender os direitos de sua denominação. Além de se criar um verdadeiro oxímoro com a Bíblia – cristãos se envolvendo com os negócios da corrupta política desse mundo (2 Timóteo 2:4) –, ou ainda, se dizendo pastores e ao mesmo tempo governantes (cometendo o mesmo erro de Saul), facilita também a desmoralização da igreja, já que a imprensa tem o trabalho de identificar quem são os políticos que se declaram evangélicos e a denominação a qual eles pertencem. E quando algum destes, inocente ou culpado, está direta ou indiretamente envolvido em alguma espécie de corrupção, eles são apontados e “rotulados” por sua religião, como se sua opção religiosa fosse mais importante na notícia do que seu próprio nome.

Some-se a isso a política do crescimento a todo custo das igrejas, presente em muitas igrejas. Muitas igrejas deixaram de perseguir objetivos espirituais para seguir tão somente objetivos numéricos. Querem “ganhar” um número X de novos fiéis, mas não se preocupam na consolidação deste, preferindo investir seu tempo em conquistar novos fiéis, o que gera um verdadeiro círculo de pessoas entrando na igreja dia após dia e outro sem número de pessoas saindo da igreja e voltando para as velhas práticas do mesmo jeito de antes, como se estivesse estado na igreja apenas de passagem, sem saber o porquê de ter estado ali. Além disso, a orientação à propósitos numéricos e a pouca preocupação com o ensino e edificação do corpo acabam gerando cristãos doentes, pobres em conhecimento, que muitas vezes nem sabem o que estão seguindo. É comum encontrarmos alguém que se diz cristão, que diz que isso ou aquilo é do diabo, que o que eles estão falando é a verdade, mas não sabem argumentar biblicamente o que eles dizem e seguem, sendo meros reprodutores das palavras que ouvem dos pregadores. Muitos são tão ignorantes em princípios básicos de fé quanto os que estão fora da igreja.

Uma das grandes causas desses fenômenos que tem acontecido na igreja tem sido também a mudança de prioridades. Em muitas igrejas, a pregação da sã doutrina foi suplantada há muito pela Teologia da Prosperidade. Milhões de cristãos cuja motivação ao irem para a igreja é usufruir de um Deus de bênçãos, que pode lhe fazer ser bem sucedido financeiro, como se o propósito de Deus para todos os seus filhos fosse esse. Essa troca de ensinos só tem cooperado para o enfraquecimento dos cristãos da igreja, que pouco amam a Deus e pouco trabalham na obra, pois o foco agora é ser próspero, numa noção arcaica e ultrapassada de que ser cristão e rico fosse um sinal de ser um “escolhido” e salvo por Deus. Esse mesmo tipo de pregação tem gerado crise nas chamadas práticas de “bom samaritano”, dentro da igreja. Os próprios cristãos, numa contradição existencial, passaram também a ser “amantes de si mesmos, avarentos, [..] sem amor para com os bons, [...] tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela.” Pouco são os que estão na igreja e tem iniciativa em ajudar um irmão necessitado. Nesse tipo cristianismo individualista que contaminou a muitos, fica difícil associar muitas igrejas de hoje à igreja primitiva, pois no nosso tempo, muitos se enganam ao achar que devem somente agradar a Deus, e que isso é possível sem servir o próximo (Romanos 15:2).

Em face disso, não restam dúvidas que o tempo da apostasia já está instalado em nosso tempo e o pecado tem tomado conta inclusive de muitas igrejas. E é por essas e outras que eu tenho absoluta certeza de que estamos muito perto do tempo em que Deus virá julgar este mundo e aqueles que dizem ser parte do Seu povo.

“Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas. Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te. Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.” (Apocalipse 3:18-20)

domingo, 15 de março de 2009

Você estaria pronto para se tornar um mártir?

O próprio título já nos intriga antes mesmo de ler o texto. A palavra “mártir” é realmente muito chamativa. O dicionário Aurélio atribui dois significados a esta palavra: “1. Quem sofreu torturas ou a morte, por sustentar a fé cristã. 2. Quem sofre muito.” Existem muitos livros famosos que citam homens e mulheres que poderiam buscar a Deus em seus quartos ou sentados no sofá, mas que preferiram fazer a diferença, levando a palavra de Deus ainda que aparentemente “fora de tempo” (2 Timóteo 4:2), em lugares onde a perseguição tornava esse trabalho quase impossível. Destaco dois livros: “Heróis da Fé” e “O Homem do céu”. Se o primeiro cita exemplos do passado, o segundo mostra que ainda hoje existem países onde o cristianismo ainda atrai perseguição.

Assim, não houve um único tempo na História onde todos os cristãos do mundo puderam levar a palavra de Deus livremente. Desde os tempos da igreja primitiva, após a ressurreição de Cristo, imperadores romanos tinham prazer em ver milhares de cristãos sacrificados ou tragados por animais selvagens. Séculos depois da queda do Império Romano do Ocidente (século V), seria criado o “Tribunal do Santo Ofício” ou “Inquisição”, que seguiu matando outros milhões que negavam a modelada fé imposta pelo clero medieval. Mesmo com a Reforma Protestante e o fim desse Tribunal, em vários lugares do mundo – principalmente na Ásia – pouca coisa mudou. Há países que até hoje combatem a fé bíblica e cristã. Como citei em outro artigo, o país que atualmente mais tortura – e por vezes até mata cristãos - é a China.

Viajando na história, não faltam exemplos reais dos mais variados tipos de torturas e assassinatos contra cristãos. Os apóstolos de Cristo talvez sejam os primeiros e principais exemplos. Uns foram mortos pelo pescoço (Lucas, Tiago Maior, Filipe e Paulo), outro pela espada (Mateus), outro arrastado pela rua ainda vivo (Marcos), outro esbordoado até à morte (Tiago Menor), outro esfolado vivo (Bartolomeu) e Pedro e André foram, assim como Cristo, crucificados. O primeiro de cabeça para baixo e o segundo, continuou pregando da cruz ao povo até morrer. Dos 12 apóstolos, apenas Judas e João não morreram como mártires. Mas ainda assim morreram de forma triste. O primeiro, após ter seu coração semeado pelo diabo (João 13:2), traiu Jesus e teve um arrependimento tão doloroso que acabou cometendo suicídio. O segundo chegou a escapar depois de lançado numa caldeira de azeite a ferver, vindo a morrer de morte natural, após ter, provavelmente, sido exilado numa ilha e ali escrito o livro de Apocalipse.

Como citei anteriormente, as barbaridades continuariam em maior escala no Império Romano. Diversos imperadores torturavam cristãos ou organizavam espetáculos de animais perseguindo e devorando cristãos e diversos outros tipos de violência infundada eram cometidos. O imperador que foi mais longe nos abusos cometidos contra os cristãos foi Nero. Sua brutalidade foi tamanha que ele é visto por determinados setores do cristianismo (que negam que o Apocalipse vai se cumprir no futuro) como o Anticristo citado pela Bíblia. Há fontes históricas confiáveis que relatam que Nero acendia tochas humanas com os cristãos que, cobertos de piche, iluminavam seus jardins. Ele ainda é acusado de vestir peles de animais em mulheres e crianças e abandoná-los à mercê dos animais ferozes. Crucificava cristãos em praça pública, sendo o apóstolo Pedro a vítima mais conhecida. Outros cristãos eram ainda amarrados nos esconderijos de animais selvagens para serem despedaçados. Mesmo tendo cometido tantas barbaridades contra os cristãos, ele ainda ateou fogo em Roma e incriminou (adivinhe quem?) os cristãos, fazendo nascer um motivo a mais para prendê-los e aplicar contra eles as mais requintadas torturas, por conta das “abominações” que ele supunha que os cristãos cometiam. Condenou então os cristãos não só pelo crime do incêndio, mas por ódio contra a raça humana.

Maiores proporções maiores em número de mortos foi alcançada pela Inquisição. Criada oficialmente pelo papa Gregório IX em 1233 e tendo sua face mais brutal extinta totalmente apenas em 1821, o número de mortes decorrentes da Inquisição ainda é motivo de divergência, já que em muitos lugares o quantitativo de execuções e julgamentos fugia do controle e dos registros. Alguns estudiosos estimam algo em torno de 9 milhões de mortos. Esse papa, na bula que inaugurou a Inquisição, determinava: “Onde quer que os ocorra pregar estais facultados, se os pecadores persistem em defender a heresia apesar das advertências, a privá-los para sempre de seus benefícios espirituais e proceder contra eles e todos os outros, sem apelação, solicitando em caso necessário a ajuda das autoridades seculares e vencendo sua oposição, se isto for necessário, por meio de censuras eclesiásticas inapeláveis” (compare as palavras do papa com o que a Bíblia cita no versículo transcrito no parágrafo seguinte). A principal justificativa para tantas mortes era o combate à prática de heresia. Heresia que era simplesmente a pregação ou instrução de quaisquer práticas religiosas diferentes daquela orientada pelo Vaticano, o que incluía desde práticas de bruxaria a até mesmo a pregação de um cristianismo alternativo aos dogmas, muitas vezes influenciados por práticas religiosas pagãs. O principal método utilizado era o da carbonização de pessoas ainda vivas. Argumentavam os inquisitores que o fogo era um elemento-símbolo da purificação, apontando para o pecado como desobediência de Deus e fazendo uma associação à imagem do Inferno. A inquisição apelava para uma necessidade de destruir publicamente o herege fazendo-o "por fogo em pó". O “herege”, era sacrificado por ser um contestar a "verdade" imposta. E contestar naquele tempo não era permitido.

“Expulsar-vos-ão das sinagogas; vem mesmo a hora em que qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus.” (João 16:2)

Corpos eram queimados, mas as idéias permaneciam. O tcheco Jan Hus foi um dos exemplos mais conhecidos dentre os mortos pela Inquisição. Além de ser um importante pensador lingüístico (foi responsável pela introdução do uso de acentos na língua checa de modo a fazer corresponder cada som a um símbolo único), ele foi um dos que tentou reformar o pensamento cristão imposto na época. Não escapou da excomunhão e nem da fogueira, mas foi responsável por uma famosa profecia. Antes de ser queimado, Hus disse as seguintes palavras ao carrasco: "Vocês hoje estão queimando um ganso (Hus significa "ganso" na língua boêmia), mas dentro de um século, encontrar-se-ão com um cisne. E este cisne vocês não poderão queimar." Estas palavras tornaram-se célebres e seriam atribuídas a Lutero (que 102 anos depois pregou suas 95 teses em Wittenberg), e costumeiramente se costuma identificá-lo com um cisne.

Apesar do papa João Paulo II ter, em 2004, pedido perdão pelos assassinatos brutais cometidos pela Santa Inquisição católica, o sangue foi derramado e o dano nas vidas e famílias que foram destruídas séculos atrás é irreparável. Por isso, mortos não podem perdoar simplesmente porque já não podem emitir sua própria vontade. E a Bíblia dá sinais de que Deus, o Único que poderia perdoar imperadores romanos e papas inquisitores pelo sangue que estes derramaram, não parece que será tão benevolente assim com aqueles que tiraram brutalmente a vida de muitos santos (Apocalipse 16:6 e Lucas 11:51).

Mesmo nos dias de hoje, num tempo onde se fala em liberdade de crença, direitos do homem, justiça social e tantos outros termos vagos, ainda há perseguição e martirização contra cristãos. Cerca de 50 países compõem atualmente a chamada igreja perseguida. Pela sua população, que ultrapassa a marca de 1,3 bilhões de pessoas, a China acaba sendo o maior exemplo, já que a perseguição é também proporcional ao seu território e população. Nesse país, o governo não tolera qualquer tipo de movimento que possa ser uma ameaça ao seu poder – e o cristianismo ele entende ser ameaçador. Enquanto no Brasil se consegue Bíblias a preço de banana (ou ás vezes até de graça), cerca de 50 milhões de cristãos chineses ainda esperam por sua primeira Bíblia. Não faltam ali casos de igrejas invadidas e de cristãos presos, também vítimas de agressões físicas. A conivência das autoridades internacionais a esse tipo de violência, permitindo que se realizasse nesse país inclusive os Jogos Olímpicos, só mostra que os governantes deste mundo só estão se importando com seus negócios e lucros e que no fundo eles pouco se importam em garantir o respeito à diversidade religiosa e ao cristianismo ou simplesmente aos direitos humanos que eles dizem defender. Enquanto no mundo só se fala em valorização de moeda, crise financeira, bolsas de valores e outros termos financeiros, milhares de pessoas continuam tendo seus sangues derramados injustamente ao levar a palavra de Deus, o que só prova que o mundo está atolado no egoísmo, na ganância e no desprezo pelo semelhante (1 João 5:19).

Mesmo nos tempos em que Apocalipse foi escrito, quando o número de mortos era pequeno frente ao total somado até hoje, a Bíblia diz que a quantidade de pessoas que já foram martirizadas por causa do evangelho nos últimos dois mil anos é tão grande que a alma delas clama por vingança! Veja:

“E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? E foram dadas a cada um compridas vestes brancas e foi-lhes dito que repousassem ainda um pouco de tempo, até que também se completasse o número de seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser mortos como eles foram.” (Apocalipse 6:9-11)

Repare que o número daqueles que devem morrer como mártires ainda não está completo. Isso traz a tona a seguinte questão: Você entregaria sua vida a qualquer custo, daria sua cabeça a prêmio e até mesmo se submeteria aos piores tipos de torturas até a morte e ainda assim permaneceria sem negar o nome de Cristo? Se você pensou demais para responder ou se a resposta a essa pergunta for NÃO, é hora de repensar o tipo de fé que você tem em Jesus Cristo e se realmente você é um discípulo verdadeiro de Deus e que tem o coração comprometido em fazer Sua vontade (Efésios 6:6). Pelos exemplos de homens que vimos, notamos que nem sempre é tão fácil assim seguir a Deus. E devo lhe alertar que o modelo de cristianismo presente na Bíblia (Romanos 14:17) passa longe dos referenciais da “Teologia da Prosperidade” ou do Ecumenismo, cada vez mais populares, e que geram cada dia mais conformismo e frieza no amor a Deus. Entretanto, muitos de nós está acostumado com sombra e água fresca, ou pior, alguns estão acostumados a buscar a Deus somente quando temos um problema financeiro ou de saúde. Somos rápidos para buscar a Deus quando o assunto é a nossa prosperidade financeira (talvez por isso haja tantos pregadores que trocaram as pregações sobre o “pecado, justiça e juízo” [João 16:8], por palavras mais “atrativas”, como se fosse possível negociar o evangelho), mas pouco criativos na demonstração de amor a Ele. E no amor não há meio termo: ou você ama a Cristo incondicionalmente, mais até do que a sua própria vida ou de um filho seu (Mateus 10:37), ou você não é digno de ser salvo por meio de Jesus Cristo.

“Porque qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, mas, qualquer que perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, esse a salvará.” (Marcos 8:35)

“E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições.” (2 Timóteo 3:12)

“E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram as suas vidas até à morte. (Apocalipse 12:11)

domingo, 1 de março de 2009

Fé, amor e renúncia

O amor se prova pela renúncia. Quando amamos de verdade uma pessoa, renunciamos muitos momentos com outras pessoas para ficar ao lado da pessoa amada. O amor faz com que deixemos de lado muitas coisas que para os outros parecem ser importantes demais, mas para nós não é.

Como uma decorrência disso, o amor envolve prioridades. Como seres humanos não-imparciais, por mais que tentemos negar, não podemos amar de forma igual duas ou mais pessoas ou coisas. Há momentos em que nós temos que fazer escolhas difíceis. E é exatamente nesse momento que demonstramos aquilo que amamos mais. Assim acontece na vida e a própria Bíblia cita um exemplo bastante conhecido:

“Sabes os mandamentos: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra a teu pai e a tua mãe. E disse ele: Todas essas coisas tenho observado desde a minha mocidade. E quando Jesus ouviu isto, disse-lhe: Ainda te falta uma coisa; vende tudo quanto tens, reparte-o pelos pobres, e terás um tesouro no céu; vem, e segue-me. Mas, ouvindo ele isto, ficou muito triste, porque era muito rico. E, vendo Jesus que ele ficara muito triste, disse: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas! Porque é mais fácil entrar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus.” (Lucas 18:20-25)

O exemplo do jovem rico vale muito para os nossos dias. Como ele, não faltam pessoas na igreja de hoje capazes de cumprir todos os requisitos de um religioso fiel. Nas igrejas, há pessoas e mais pessoas dispostas a falar que é cristão, a pular, cantar, gritar, falar em línguas, profetizar, pregar, chorar. Mas há poucas, muito poucas pessoas dispostas a renunciar aquilo que amam na terra para servir a Deus. Não hesitamos em estudar um pouco mais, arrumar um emprego a mais, assumir um compromisso a mais, ainda que isso diminua o nosso tempo com Deus. E ainda somos capazes de dizer que amamos a Deus acima de todas as coisas. Contradizemos a nós mesmos ao dizermos que amamos a Deus e não provamos isso ao não renunciar praticamente nada!

Existe algo que todos nós precisamos entender: Deus é auto-suficiente, e é o único que não depende de nada nem de ninguém para continuar existindo, seja de nós, dos anjos ou de qualquer ente por Ele criado. Absolutamente nada. Dele é tudo aquilo que existe de precioso ou de importante que a você possa “pertencer” (Ageu 2:8). Os homens, bons ou maus, só estão vivos porque ele permite isso. Por mais que você tenha casas, carros ou diversas posses, coisas simples como uma pequena célula cancerosa que se multiplique, um pequeno vírus que se alastre no seu corpo, ou até mesmo um passo errado que leve você a tropeçar numa escada, pode levar você a “perder” tudo aquilo que você acha que é seu. Por isso, não há nada que pertença a você, que você possa dar a Deus, simplesmente porque nada do que está conosco pertence a nós, por mais rico que você possa parecer aos homens. O salmista ainda faz essa mesma pergunta (“Que darei eu ao SENHOR, por todos os benefícios que me tem feito?”). Uma pergunta que todos nós também deveríamos fazer. E é por isso, por não sermos donos absolutos de nada que está em nossas mãos e pela impossibilidade de dar algo a Deus, é que a única coisa que podemos fazer a Deus, como prova de nosso amor por Ele, é renunciar aquilo que Ele mesmo tem nos dado. Podemos renunciar as primícias da renda que Ele nos dá, ou parte do tempo dos dias que ele nos acrescenta para passarmos na Sua presença, ou ainda renunciarmos a nós mesmos, aos nossos prazeres e vontades e submetermos à vontade d’Ele. A quantidade de vezes que fazemos renúncias desse tipo é então proporcional ao amor que temos ou que estamos dispostos a oferecer a Ele. Se não fazemos nada semelhante isso, a dura verdade é que não amamos a Deus, pois não demonstramos isso, ou que o nosso amor a Ele não passa de discurso.

Convido você nesse momento a fazer uma análise sincera nas suas atitudes no último ano. Quais foram as decisões importantes que você tomou no ano passado? Em quantas delas você se decidiu, não pela conveniência, mais por aquela opção que te aproximava mais a Deus, que te dava mais tempo com Ele, e não contrário? Pergunto mais: será que em todos os meses do ano você foi fiel a Cristo com suas finanças, conforme o que está escrito na Bíblia? Em quantas dessas decisões você consultou a Deus antes de tomá-las? A resposta a essas perguntas pode nos dar a noção aproximada da prioridade que damos a Deus em nossas vidas.

O amor de Deus por nós também é exigente. Assim como Deus provou o seu amor aos homens da forma mais intensa que poderia fazer, oferecendo a vida de Seu próprio Filho (João 3:16), Ele também requer que nós façamos algumas renúncias. Requer que renunciemos àquilo que o mundo oferece (Tito 2:12), à nossa tranqüilidade (2 Timóteo 3:12) e até mesmo às nossas próprias vidas (Mateus 16:24).

Sobre o amor a Deus, cabe aqui mais uma observação: o amor a Deus está intimamente ligado à fé que temos n’Ele. Veja:

“Porque em Jesus Cristo nem a circuncisão nem a incircuncisão tem valor algum; mas sim a fé que opera pelo amor.” (Gálatas 5:6)

Fé e amor andam juntos. Não há fé sem amor, seja ao próximo ou a Deus. Um dos motivos que nos leva à falta de renúncia é a nossa falta de fé. Por mais que possa parecer estranho, mas uma parcela significativa das pessoas que estão nas igrejas não têm certeza absoluta da existência de Deus, de que Jesus Cristo morreu na cruz e da eficácia desse sacrifício. Estes estão ali talvez porque amigos ou familiares estão ali também, por medo de ir para o inferno, por se sentirem bem ali ou talvez esperando que Deus se revele isso a ele para que se convença da Sua Existência. Prova disso, é a grande quantidade de pessoas que vão à igreja, mas não tem interesse nenhum em se envolver no trabalho ou assumir encargos na obra de Deus. Pela fé destes ser infrutífera, não firmadas na verdade da palavra de Deus, muitos desses sucumbem, dia após dia, e saem por aí falando coisas absurdas sobre a igreja de Deus. Por não entenderem a verdade de Deus sobre a renúncia às primícias do fruto de seu trabalho, falam que os líderes são ladrões e só querem roubar o dinheiro dos fiéis. Assim, estes que outrora se disseram cristãos, acabam por engrossar as fileiras daqueles que se tornaram inimigos do evangelho de Deus.

Há ainda um outro grupo de pessoas na igreja. É o grupo daqueles que estão plenamente convencidos de que Deus existe e que Jesus Cristo morreu na cruz por nossos pecados. Mas param por aí. Não tomam atitudes que demonstrem que a sua fé é real e que é capaz de fazer diferença na sua vida e na vida dos outros, fazendo com que a sua fé não tenha a menor eficácia (Tiago 2:17). Nisto reside um outro problema: o da fé que não gera frutos, pois não está acompanhada do amor, que é um elemento que deve estar presente em tudo aquilo que fazemos a Deus e ao próximo, pois é a demonstração da inspiração de Deus em nossas atitudes, já que Ele mesmo é, em sua essência, o amor (1 João 4:12).

Em face disso, permita-me uma última pergunta: Você estaria pronto para dias em que o seu amor e a sua fé sejam provados? Pode estar muito perto o tempo de você tenha que renunciar a sua própria vida por amor a Jesus Cristo. E aí, você daria sua cabeça a prêmio, ou agiria como o jovem rico, que não quis optar por aquilo que para ele certamente pareceu como trocar o “certo pelo duvidoso”? Pense nas escolhas que você hoje tem feito e se você realmente tem uma fé e um amor tão amadurecido a ponto de renunciar a tudo e a todos pelo amor a Deus e ao Seu Evangelho, pois esse dia da renúncia pode chegar mais cedo do que você pode estar pensando. Quem hoje renuncia pouco, certamente não estará pronto para renunciar tudo no futuro. No próximo artigo, falaremos um pouco mais sobre isso.

“Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus.” (Hebreus 12:1-2)