Sabemos que o pecado não perdoado nos impede de ter plena comunhão com Deus. Além disso, sabemos também que não existe “hierarquia entre pecados”, ou seja, não há uma classificação de pecados em mais leves e mais graves. Existem pecados diferentes e que, por isso, possuem conseqüências diferentes. Mas todos eles nos afastam de um relacionamento pleno com Deus.
Assim, precisamos ser purificados dos pecados da carne. Mesmo não havendo pecados mais graves que outros, existem pecados que, por suas conseqüências, fazem com que o nosso canal de comunicação com Deus fique “entupido”, de forma que Deus não terá a oportunidade de fluir através de nós. A maioria das pessoas luta com quatro pecados da carne, os quais devem ser vencidos antes que o cristão seja capaz de operar ativamente com Deus.
1. O pecado do ódio. Uma das ordenanças de Cristo à igreja é a de que ela permaneça em oração e que evite o sentimento de ódio (1 Timóteo 2:8). Por quê? Porque o ódio impede o fluir de Deus, já que esse sentimento sempre está associado a um pecado ou a ausência de perdão, que também não deixa de ser um pecado. Quando odiamos outra pessoa, estamos colocando nós mesmos e nossos próprios conceitos no centro. O ódio caminha em direção oposta ao amor. Se a Bíblia nos diz que temos que amar ao próximo como a nós mesmos, e que o nosso Deus é amor, se nutrimos tais sentimentos em nosso coração, estamos negando a própria natureza de homens nascidos de novo que somos. Por isso a nossa comunicação com o Pai fica impedida.
Um comportamento não perdoador é o inimigo número um da nossa fé. Mágoas e ressentimentos com relação a pessoas nos prendem a elas. Todavia, o ódio destrói muito mais a pessoa que alimenta em si tal sentimento do que aquele que é odiado, mesmo porque este às vezes sequer sabe que está sendo odiado por alguém. Assim como temos que sujar nossas mãos de barro antes de jogá-lo em alguém, o ódio machuca primeiro aquele que carrega tal sentimento.
Além disso, a Bíblia compara o sentimento de ódio ao homicídio. Aquele que odeia uma pessoa está “matando” ela dentro de si. Na verdade, os homicídios reais nada mais são do que sentimentos de ódio que são externados contra a vida de uma pessoa.
“Qualquer que odeia a seu irmão é homicida. E vós sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele.” (1 João 3:15)
Em nossa vida cristã, precisamos ser canal de benção na vida das pessoas. Contudo, nossas palavras e atitudes sempre irão refletir somente aquilo que está em nosso coração. Será impossível estar em contato com o Senhor e transmitir o amor dele a outras vidas se o nosso coração estiver contaminado com sentimentos de ódio. Apenas quando o ódio é substituído pelo perdão e pelo amor, podemos expressar o verdadeiro amor de Cristo para as pessoas.
2. O pecado do medo. O medo é outro grande inimigo do nosso crescimento espiritual. Se a pessoa carrega em si um temor específico, o poder da destruição começará a fluir a partir dele.
Existem diversos tipos de medos, que podem surgir dos mais diversos tipos de circunstâncias. Existem cristãos, por exemplo, que tem medo de manifestações demoníacas. Assim, se ele se deparar com alguém possesso, ele procurará meios de não orar sobre essa pessoa. Deixa, portanto, de reconhecer a autoridade que a nós é dada por Deus (Lucas 10:19)
Nós como seres humanos temos a infeliz tendência de olhar para as circunstâncias com nossos olhos e com nossos sentidos. Só que fazendo isso, Satanás nos destruirá com o medo. O medo sempre é fruto de uma olhar natural sobre as coisas. Se fechamos os olhos naturais e olhamos para Deus, a nossa fé é exercida e não há espaço para temores. Estando no amor d’Ele, não há motivos para ter medo.
“No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor.” (1 João 4:18)
Logo, as pessoas devem ser instruídas a desistir do temor do seu ambiente e de suas circunstâncias. Se não o fizerem, não poderão desenvolver a fé nem Deus fluirá através delas.
A Bíblia diz que Deus não nos deu espírito de temor, mas de amor (2 Timóteo 1:7). O único temor que devemos ter é o de Deus (Provérbios 1:7).
Uma das recomendações que Deus sempre deu, desde os patriarcas até aos apóstolos, era a de que eles não temessem as dificuldades que haveriam de passar, pois Deus era com eles. Deus só age onde não há medo. Para que Ele venha a agir, o medo e a ansiedade devem ser substituídos pela paciência e pela fé (Salmos 40:1).
O temor nos liga a nossas dificuldades e limitações, e não àquilo que podemos ser em Cristo.
3. O pecado da inferioridade. Sempre que olhamos as circunstâncias, temos o hábito errado de nos sentir pequenos, impotentes. Também o sentimento de inferioridade é demonstração de falta de fé. É necessário que cada um entregue seu complexo de inferioridade a Deus e se permita ser reconstruído pelo amor d’Ele.
O complexo de inferioridade é muito destrutivo. Além de minar nosso potencial, nos torna vulneráveis e nos faz sujeitos a ameaças externas. Quem tem “complexo de inferioridade” sempre terá a tendência de se achar incapaz de tomar decisões e passos de fé, pois a inferioridade traz consigo o pessimismo. Não devemos nos sujeitar às circunstâncias, e sim ao nosso Deus.
“Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.” (Tiago 4:7)
Existe uma verdade que sempre deve estar em nossa mente: a de que nada é impossível ao que crê. Essa é uma palavra que, declarada, nos faz sentir fortalecidos em Deus.
Mas muitos podem dizer que a Bíblia afirma que devemos procurar ser o menor, ou ainda, diminuir a nós mesmos. Mas ser o menor nos fala de adquirir para nós a posição de servo. E diminuir a nós mesmos diz respeito a termos uma postura de humildade, sempre preferindo em honra aos irmãos (Romanos 12:10), e não a nós mesmos. Nenhuma dessas idéias é compatível com a de nos achar inferiores a tudo e a todos.
Temos que, como Paulo, entender que não somos nada, que a nossa vida não tem valor, mas que também há em nós um Espírito que nos faz ser capazes para toda boa obra (2 Timóteo 2:21).
4. O pecado da culpa. Enquanto a pessoa estiver abatida por sentimentos de culpa, Deus jamais fluirá através dela. Precisamos fazer as pessoas compreender que, quando se sentem indignas e cheias de culpa, simplesmente podem ir ao Senhor, e Ele as limpará.
O pecado nos separa de Deus. Mas a culpa é exatamente o sentimento que tenta nos remeter à condição de quem ainda carrega o peso do pecado, ignorando o perdão que já nos foi concedido. É como aquele presidiário que, mesmo após ter cumprido toda a sua pena, continua recluso no presídio por achar que seu crime foi mais grave do que pensou o juiz, sem se lembrar do fato que a sua dívida já foi paga com a sociedade.
Ao livrar-se de seu sentimento de culpa, manifestando entendimento do perdão de Deus e da liberdade que temos para sujeitar todas as acusações do Diabo, o poder de Deus poderá fluir.
“Porque em nada me sinto culpado; mas nem por isso me considero justificado, pois quem me julga é o SENHOR.” (1 Coríntios 4:4)