No artigo anterior analisamos o poder que possui o dinheiro de perverter a cabeça de homens que se deixam levar por ele. Séculos e séculos se passaram na história da humanidade e em todos eles, a necessidade de acumulação, de ser ter em sobra enquanto outros nada têm, fez com que a maioria dos homens se prendessem ao egoísmo, ‘a avareza e deixassem de lado o amor ao próximo.
Mas o tempo passa, a tecnologia evolui, o conhecimento se multiplica – como é biblicamente profético (Daniel 12:4) - e surgem novas formas do homem manifestar-se contra Deus. Desde a falha tentativa de construção da torre de babel, quando os homens foram confundidos em suas línguas (Gênesis 11:9), os homens jamais cessariam suas tentativas de ser iguais a Deus.
A criação da televisão foi um desses intentos. Por ela, o homem tentou atrair para si o atributo da onipresença, que só Deus possui. Por ela é possível saber de um acontecimento do outro lado do mundo em questão de minutos ou até segundos. Por ela e possível também coisas inimagináveis ao homem de um século atrás, como um homem proferir um discurso e ser ouvido no mundo todo ao mesmo tempo.
Como quase toda criação humana, a televisão também tem um lado ruim. E esse lado ruim é muito maior do que as vantagens que ela possa oferecer. Essa invenção tão recente, tem sido a progenitora de muito do que há de mais sujo e imoral na sociedade do nosso tempo. Não tenho dúvidas que se Jesus tivesse optado por descer à terra no nosso tempo, ele combateria de forma veemente o poder de influência negativa e a corrupção moral trazida pela televisão. E há indícios na Bíblia que nos permitem afirmar isso.
O primeiro deles: a televisão manipula o pensamento de seus telespectadores. Paulo, por exemplo, assim recomendava aos cristãos pensarem:
“Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.” (Filipenses 4:8)
A maioria do que se propaga na televisão semeia pensamentos totalmente contrários às recomendações paulinas. Outro dia assistia a um documentário secular e um dos temas tratados foi a televisão e de como ela controla o comportamento das pessoas que a assistem. Em uma parte da obra, dizia o narrador:
“As noticias da televisão são um ótimo exemplo de como a programação mental, o controle mental funcionam. A televisão é a arma mais poderosa da guerra psicológica de todos os tempos. No entanto, a televisão, para muitas pessoas, é um membro da família. (...) Muitas pessoas, especialmente jovens, aceitam sem questionamento a realidade que é apresentada pela mídia. Cultura popular, filmes, televisão, música. Todos carregam mensagens sobre como a sociedade funciona e como as pessoas devem se comportar. O controle total é controlar as pessoas sem a sua percepção consciente.”
É impressionante a forma que as pessoas, inclusive cristãos, recebem aquilo que vêem na televisão. Impressiona também a forma até que as pessoas a assistem, como que hipnotizadas. Muitos pedem para que seus pais ou filhos se calem durante um programa ou novela porque preferem ouvir a televisão, provando que a TV em muitos lares já ocupa o espaço de um membro privilegiado da família com mais direitos à voz que alguns dos próprios membros dela. E nisso, muitos pais que não dão a devida atenção a seus filhos no tempo oportuno ou que não se importam com o tipo de programação que seus filhos assistem, acabam não entendendo as razões que levaram seus filhos a caminhos de vícios e pecados, que eles aparentemente não teriam aprendido em casa.
Mesmo promovendo tanta corrupção, a televisão ocupa um alto posto de credibilidade frente à população
Aqui entro no segundo indício: o de que a televisão é o maior agente propagador de valores do mundo. Valores esses que entram em nossas casas de forma muito mais fácil do que os princípios cristãos. Você certamente conhecerá mais cristãos que gastam mais tempo em frente à televisão em preterimento de atividades ligadas à igreja do que o contrário. E isso é assustador, já que o que mais vemos na TV não é aquilo de boa fama, amável, puro e verdadeiro – como Paulo recomendou - mas o ridículo, o irreverente, o infiel, o lascivo e o de cunho violento.
Isso se comprova ao olharmos os números de audiência. Curiosamente, os programas de maior audiência consistem em entretenimento inútil, protagonizados por pessoas de mente tola e valores invertidos. Somos ensinados a achar graça na injustiça, porque a maioria das pessoas acham isso ao ver um programa de humor. Somos incentivados a ver diversos comportamentos apresentados na televisão, propositalmente retratada de forma dramática, como normais, como se fossem simples fruto de escolhas e de amores, mas que a Bíblia conceitua de forma veemente como pecado.
E aqui entra um terceiro indício: o de que a televisão é a maior propagadora de pensamentos e opiniões totalmente contrárias à palavra de Deus. Nos últimos anos, de tanto vermos nas novelas, nos filmes e nos telejornais, muitos de nós passou a achar normal coisas que nossos avós e o evangelho cristão tem como repugnantes, abomináveis. Alguns exemplos são a plena aceitação do homossexualismo como uma opção sexual comum e normal em muitas igrejas, a abordagem do divórcio como um fim natural para qualquer casamento (inclusive cristão) e sua aceitação no meio cristão, e até a possibilidade do aborto quando a mãe ou o pai não acha conveniente gerar o bebê, pois a nossa sociedade tem nos ensinado que a vida se inicia no nascimento, não na fecundação do óvulo, como se Deus já não cuidasse pela vida do homem antes dele nascer.
“Pois possuíste os meus rins; cobriste-me no ventre de minha mãe. (...) Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe; e no teu livro todas estas coisas foram escritas; as quais em continuação foram formadas, quando nem ainda uma delas havia.” (Salmos 139:13 e 16)
Tanta repetição desses valores acaba fazendo também com que os aceitemos como normais até dentro das nossas próprias famílias.
Entretanto, muitos contestam isso, dizem que a televisão pode ser transformada, que há muitos programas cristãos, que quem deu a televisão para o diabo foi nós mesmos, e que é possível “filtrar” a programação dela em nossas casas e assistir somente o que convém. Mas o que vemos é o contrário. Mesmo aqueles que gostam de programas cristãos, acabam gastando mais tempo assistindo programas seculares do que programas que falam da palavra de Deus. Há sim programas cristãos, mas as pessoas, mesmo cristãs, não tem a disposição de ficar horas e horas seguidas assistindo-os com o mesmo entusiasmo que assistem horas seguidas alternadas de novelas e jornais. É impossível “transformar” a televisão, pelo mesmo motivo que não é possível transformar o mundo, porque ambos jazem no maligno. Os homens que controlam os sistemas de governo e a economia mundial, são os mesmos que detém a maioria das ações nas maiores empresas de comunicação do mundo. A televisão é irremediável. Como Salomão, no auge da sabedoria de sua velhice dizia:
“Aquilo que é torto não se pode endireitar; aquilo que falta não se pode calcular.” (Eclesiastes 1:15)
A verdade é que a televisão não pode se endireitar porque nasceu para fins corruptíveis. Não estou combatendo a televisão como uma praga que só traz destruição. O problema são os valores que ela tem propagado na nossa sociedade. Valores esses que estão sendo absorvidos em nossas famílias sem que percebamos. Acredito que cada um de nós cristãos seria muito mais dedicado às coisas edificantes se não tivéssemos a televisão
Não que a internet ou os jornais também não propaguem maus exemplos. Mas é interessante notar que na internet, o direito de escolha daquilo que você quer ler ou ver é maior, e a informação que vemos é marcada pela diversidade. Uma diversidade ilimitada, seguramente menos manipulada que a televisão, o que permite a formação de uma opinião por parte do leitor, não uma manipulação sórdida como a da televisão, onde todos (ou quase todos) os canais são iguais, com os mesmos programas, mesmas linhas de opinião controladas por patrocinadores e igualmente manipuladoras e tipos de pessoas e baixo nível de cultura.
Para muitos de nós pode ser fanatismo ou fundamentalismo demais querer viver sem a televisão, pois não fomos educados socialmente para buscar a informação de forma autônoma. A maioria de nós ainda que quisesse nem teria tempo para isso. Mas vale um último conselho. Que procuremos ser mais seletivos naquilo que assistimos e principalmente com aquilo que deixamos nossos filhos assistirem. Existem bons canais alternativos (até na TV aberta), não só cristãos, mas de documentários, culturais, mais voltados para o lado social e menos voltada para números de audiência. Na internet também existe muita informação alternativa, independente. Passe a escolher o que assistir, ao invés de sentar no sofá para ver o que a maioria assiste só para ter assunto no outro dia com os colegas de trabalho.
A questão é séria. Aquilo que vemos e aqueles que deixamos entrar em nossas salas e quartos através daquela tela retangular podem mudar nosso futuro, as nossas vidas e as vidas de nossos filhos de forma tão sorrateira, ao ponto de nos levar a um estágio tão profundo de conformismo, que pode nos levar até mesmo a abandonar aquilo que cremos e até a certeza de nossa salvação.
“Os pensamentos dos justos são retos, mas os conselhos dos ímpios, engano.” (Provérbios 12:5)
“Examinai tudo. Retende o bem.” (1 Tessalonicenses 5:21)