No último domingo, durante o momento da ceia, um de meus discípulos se negou a receber o pão e o vinho, quando a mesma foi distribuída. Dias antes, ele mesmo havia me contado que vinha sendo tomado em sua mente por sentimentos de culpa. E depois entendi que foi esse mesmo sentimento que o fez não querer participar daquele momento do culto.
Sentimentos de culpa entre os cristãos sempre existiram. É muitas vezes é o nível de culpa na consciência do cristão que pauta o seu comportamento na igreja. É típico daqueles que carregam tal sentimento a tendência ao isolamento, seja por não se sentirem dignos de estarem em comunhão com os demais ou por terem medo de ter suas falhas expostas. É possível analisar o sentimento de culpa dividindo-o em três tipos básicos de comportamentos comuns, todos igualmente errados, de alguém que se sente culpado.
O primeiro é o grupo dos que fogem da culpa. São aqueles que levam uma vida permissiva, sem se preocupar com as implicações de seus atos. Individualistas, geralmente são estes os que negam que existe pecado. Negam sua existência, para negar a culpa proveniente da sua prática. A consciência das pessoas desse grupo é cauterizada, e fazem parte dele apenas pessoas que ainda não nasceram de novo, e que portanto não têm clara consciência do pecado e suas conseqüências.
Há um segundo grupo, daqueles que ao invés de aceitar a culpa, acreditam que podem amenizar os seus efeitos sobre sua consciência através da prática de boas obras. O pensamento íntimo desse tipo de pessoa é semelhante ao dos fariseus. Pensam que podem ser considerados como homens bons se praticarem atos bons aos seus próprios olhos. Dentro desse grupo, há ainda aqueles que acreditam na reencarnação e no entendimento destes, se praticarem muitos atos de solidariedade, poderão ser beneficiados com um nascimento em condição melhor numa “próxima vida”.
Um último grupo é o daqueles que sustentam um pensamento medieval, de auto-flagelação, acreditando que podem remir a si mesmos, na medida que em imponham sofrimento a si mesmos. Na Idade Média e até mesmo ainda hoje, algumas pessoas chicoteiam o próprio corpo, amarram metais pontiagudos em si ou aplicam outros tipos de flagelos sobre seus corpos, na esperança de voltarem a um estado anterior de inocência, livres da culpa trazida pela prática do pecado.
Mas como eu disse anteriormente, todos os três representam comportamentos inadequados e que pouco contribuem para a extinção definitiva desse sentimento ou de seus efeitos. Se no primeiro a conseqüência do pecado será surpreendente e mortal, nos demais a culpa resultante do pecado sempre será um fardo a ser carregado diariamente.
Existe uma verdade bíblica: todos nós pecamos, e o pecado traz consigo morte espiritual, nos afastando de Deus (Romanos 3:23; Romanos 6:23; Isaías 59:2). Se nós pecamos, evidentemente estamos sujeitos a sermos culpados. Assim como um homicida fica em dívida com a sociedade até que sua pena de prisão seja totalmente cumprida, nós também ficamos “em dívida” com Deus a partir do momento em que pecamos.
Mas ao contrário do homicida, que necessariamente terá que passar pela cadeia, nós temos um meio de ficar livres do castigo eterno resultante do pecado. E a Bíblia nos diz que meio é esse:
“Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.” (Isaías 53:5).
Veja que Jesus Cristo foi ferido em razão de nossos pecados. O auto-sacrifício de Jesus pagou o preço por nossos pecados. É como se existisse uma sentença de pena de morte decretada contra todos nós, para cobrir nossa culpa pelos pecados que nós todos praticamos. Aí vem um homem, reconhecidamente inocente, nos tira do corredor da morte, e entra em nosso lugar. Isso é uma das expressões mais maravilhosas do amor de Deus por nós. Conheço um sábio pastor que diz que amor de verdade não é aquele que aparece no final de filmes hollywoodianos românticos, mas sim, o retrato de um homem pregado numa cruz. E é esse amor de verdade que apaga aquilo que nos condena e que traz verdadeira paz para dentro de nós, como se não tivéssemos pecado.
Exatamente por causa desse sacrifício, é que nós, que recebemos a Cristo e reconhecemos o seu poder para nos perdoar, não precisamos carregar o peso da culpa. O tratamento de Deus conosco não é segundo a Lei, mas de acordo com a Graça. Por ela somos salvos, e graciosamente também somos perdoados (1 João 1:9), na medida em que nos arrependemos. O caminho do pecado em nós, a partir do momento em que tomamos consciência dele, é confessá-lo, deixando de praticá-lo, e ser perdoado. Não há espaço para sentimentos de culpa. A culpa só gera remorso, e remorso é diferente de arrependimento.
Enquanto o arrependimento é motivado por um desejo de mudança de postura, o remorso é motivado pelo medo. Quem sente remorso, sabe que cometeu ato injusto, e acredita que será submetido a punição severa. Por isso, na origem da auto-flagelação não está o arrependimento, mas sim o remorso, já que a pessoa impõe a si uma punição “suportável”, acreditando que assim poderá fugir de uma punição futura, a qual acredita ser mais difícil de suportar.
O grande problema do sentimento de culpa é que esse sentimento é sempre fruto de um entendimento errado. Das duas, uma: ou a pessoa sente apenas remorso pelo pecado cometido (não se arrependendo, e assim não desejando, de fato, abandonar o pecado) ou ela simplesmente ignora o poder do perdão divino, que é o único meio dela ser livre da culpa!
Nesse final de semana eu evangelizava uma pessoa, e ela me dizia que até achava interessante ir na igreja, mas ela não conseguia permanecer seguindo a Deus porque não conseguia deixar a mentira. Na ocasião eu disse a ela que mesmo após nascidos de novo nós pecamos, mas a diferença é que não pecamos mais deliberada, e sim acidentalmente. Além disso, entregamos nossas fraquezas a Deus, para que Ele tome o controle e nos ajude a vencer o pecado, pois o Senhor é quem transforma, através da sua maravilhosa graça, cada um dos problemas e pecados em nosso coração.
Entender nossas próprias fraquezas e nossa total incapacidade de anular sozinho a culpa resultante de nossos pecados é o primeiro passo para entender a grandiosidade do amor e do perdão que temos direito desde o momento
No próximo artigo, falarei a respeito de um homem da Bíblia que soube se comportar diante da culpa resultante de seus pecados.
“Porque com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados.” (Hebreus 10:14)
“E, quando vós estáveis mortos nos pecados, e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas, Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz. E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo.” (Colossenses 2:13-15)
No último domingo, durante o momento da ceia, um de meus discípulos se negou a receber o pão e o vinho, quando a mesma foi distribuída. Dias antes, ele mesmo havia me contado que vinha sendo tomado em sua mente por sentimentos de culpa. E depois entendi que foi esse mesmo sentimento que o fez não querer participar daquele momento do culto.
Sentimentos de culpa entre os cristãos sempre existiram. É muitas vezes é o nível de culpa na consciência do cristão que pauta o seu comportamento na igreja. É típico daqueles que carregam tal sentimento a tendência ao isolamento, seja por não se sentirem dignos de estarem em comunhão com os demais ou por terem medo de ter suas falhas expostas. É possível analisar o sentimento de culpa dividindo-o em três tipos básicos de comportamentos comuns, todos igualmente errados, de alguém que se sente culpado.
O primeiro é o grupo dos que fogem da culpa. São aqueles que levam uma vida permissiva, sem se preocupar com as implicações de seus atos. Individualistas, geralmente são estes os que negam que existe pecado. Negam sua existência, para negar a culpa proveniente da sua prática. A consciência das pessoas desse grupo é cauterizada, e fazem parte dele apenas pessoas que ainda não nasceram de novo, e que portanto não têm clara consciência do pecado e suas conseqüências.
Há um segundo grupo, daqueles que ao invés de aceitar a culpa, acreditam que podem amenizar os seus efeitos sobre sua consciência através da prática de boas obras. O pensamento íntimo desse tipo de pessoa é semelhante ao dos fariseus. Pensam que podem ser considerados como homens bons se praticarem atos bons aos seus próprios olhos. Dentro desse grupo, há ainda aqueles que acreditam na reencarnação e no entendimento destes, se praticarem muitos atos de solidariedade, poderão ser beneficiados com um nascimento em condição melhor numa “próxima vida”.
Um último grupo é o daqueles que sustentam um pensamento medieval, de auto-flagelação, acreditando que podem remir a si mesmos, na medida que em imponham sofrimento a si mesmos. Na Idade Média e até mesmo ainda hoje, algumas pessoas chicoteiam o próprio corpo, amarram metais pontiagudos em si ou aplicam outros tipos de flagelos sobre seus corpos, na esperança de voltarem a um estado anterior de inocência, livres da culpa trazida pela prática do pecado.
Mas como eu disse anteriormente, todos os três representam comportamentos inadequados e que pouco contribuem para a extinção definitiva desse sentimento ou de seus efeitos. Se no primeiro a conseqüência do pecado será surpreendente e mortal, nos demais a culpa resultante do pecado sempre será um fardo a ser carregado diariamente.
Existe uma verdade bíblica: todos nós pecamos, e o pecado traz consigo morte espiritual, nos afastando de Deus (Romanos 3:23; Romanos 6:23; Isaías 59:2). Se nós pecamos, evidentemente estamos sujeitos a sermos culpados. Assim como um homicida fica em dívida com a sociedade até que sua pena de prisão seja totalmente cumprida, nós também ficamos “em dívida” com Deus a partir do momento em que pecamos.
Mas ao contrário do homicida, que necessariamente terá que passar pela cadeia, nós temos um meio de ficar livres do castigo eterno resultante do pecado. E a Bíblia nos diz que meio é esse:
“Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.” (Isaías 53:5).
Veja que Jesus Cristo foi ferido em razão de nossos pecados. O auto-sacrifício de Jesus pagou o preço por nossos pecados. É como se existisse uma sentença de pena de morte decretada contra todos nós, para cobrir nossa culpa pelos pecados que nós todos praticamos. Aí vem um homem, reconhecidamente inocente, nos tira do corredor da morte, e entra em nosso lugar. Isso é uma das expressões mais maravilhosas do amor de Deus por nós. Conheço um sábio pastor que diz que amor de verdade não é aquele que aparece no final de filmes hollywoodianos românticos, mas sim, o retrato de um homem pregado numa cruz. E é esse amor de verdade que apaga aquilo que nos condena e que traz verdadeira paz para dentro de nós, como se não tivéssemos pecado.
Exatamente por causa desse sacrifício, é que nós, que recebemos a Cristo e reconhecemos o seu poder para nos perdoar, não precisamos carregar o peso da culpa. O tratamento de Deus conosco não é segundo a Lei, mas de acordo com a Graça. Por ela somos salvos, e graciosamente também somos perdoados (1 João 1:9), na medida em que nos arrependemos. O caminho do pecado em nós, a partir do momento em que tomamos consciência dele, é confessá-lo, deixando de praticá-lo, e ser perdoado. Não há espaço para sentimentos de culpa. A culpa só gera remorso, e remorso é diferente de arrependimento.
Enquanto o arrependimento é motivado por um desejo de mudança de postura, o remorso é motivado pelo medo. Quem sente remorso, sabe que cometeu ato injusto, e acredita que será submetido a punição severa. Por isso, na origem da auto-flagelação não está o arrependimento, mas sim o remorso, já que a pessoa impõe a si uma punição “suportável”, acreditando que assim poderá fugir de uma punição futura, a qual acredita ser mais difícil de suportar.
O grande problema do sentimento de culpa é que esse sentimento é sempre fruto de um entendimento errado. Das duas, uma: ou a pessoa sente apenas remorso pelo pecado cometido (não se arrependendo, e assim não desejando, de fato, abandonar o pecado) ou ela simplesmente ignora o poder do perdão divino, que é o único meio dela ser livre da culpa!
Nesse final de semana eu evangelizava uma pessoa, e ela me dizia que até achava interessante ir na igreja, mas ela não conseguia permanecer seguindo a Deus porque não conseguia deixar a mentira. Na ocasião eu disse a ela que mesmo após nascidos de novo nós pecamos, mas a diferença é que não pecamos mais deliberada, e sim acidentalmente. Além disso, entregamos nossas fraquezas a Deus, para que Ele tome o controle e nos ajude a vencer o pecado, pois o Senhor é quem transforma, através da sua maravilhosa graça, cada um dos problemas e pecados em nosso coração.
Entender nossas próprias fraquezas e nossa total incapacidade de anular sozinho a culpa resultante de nossos pecados é o primeiro passo para entender a grandiosidade do amor e do perdão que temos direito desde o momento
No próximo artigo, falarei a respeito de um homem da Bíblia que soube se comportar diante da culpa resultante de seus pecados.
“Porque com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados.” (Hebreus 10:14)
“E, quando vós estáveis mortos nos pecados, e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas, Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz. E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo.” (Colossenses 2:13-15)
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