domingo, 14 de setembro de 2008

Falta de amor ao próximo: uma síndrome dos últimos dias

O nosso tempo, o qual acredito ser o tempo do fim, tornou-se conhecido como a “Era da informação”. Isso se deve ao fato de que hoje a informação é transmitida de um lado a outro do mundo numa velocidade espantosa se comparada a poucas décadas atrás. Com as pessoas acontece da mesma forma. Há aviões de passageiros capazes de dar a volta ao mundo em menos de 24 horas. Seria no mínimo intrigante afirmar ao homem de um século atrás que seu neto poderia sair da China ou do Japão às 12:00 e se chegar ao Brasil na manhã do mesmo dia.

Com essa tecnologia, veio também um crescimento do evangelho sobre a terra, alcançando lugares onde nunca se havia ouvido falar de Jesus Cristo, cumprindo um pedido d’Ele quando esteve entre nós (Marcos 16:15, 1 Timóteo 2:4 e Mateus 24:14). Outro dia ouvi um número que me alegrou: no mundo, acontece cerca de 70.000 batismos por dia. Isso é algo que deve nos alegrar, pois apesar da apostasia reinante na maioria dos lugares, existem pessoas no mundo que têm trabalhado incansavelmente para que o número de salvos se multiplique.

Contudo, essa Era da informação trouxe um grave problema. Com as “facilidades” e comodidades que apareceram, o homem foi atingido por um comodismo sem precedentes. Hoje em dia, tudo pode se passar por nossos olhos com apenas um controle remoto nas mãos. Já não é necessário subir tantas escadas, pois já se multiplicaram as escadas rolantes. E também com as invenções novas que aparecem, já é pouco necessário pedir ajuda ao outro, pois tudo se compra. O homem então se prende num mundo egoísta, foge dos relacionamentos interpessoais. A constituição de uma família deixou de ser prioridade. As mulheres, que outrora dedicavam sua vida exclusivamente para isso, hoje já buscam independência financeira e muitas se orgulham ao dizer que não precisam de homem nenhum. Os homem de modo geral passaram a amar o mundo (1 João 2:15) e os prazeres por ele oferecidos. Investem milhões para alcançarem a cura de toda e qualquer doença que apareça, a qualquer custo, tamanho o amor que tem pela sua própria vida e pelo medo que têm da morte, numa postura totalmente contrária à ensinada pelo apóstolo Paulo (Filipenses 1:21). Esse mesmo medo, aliado à falta de segurança, fez com que os homens levantassem cercas em suas casas, passassem a viver em condomínios isolados e evitassem ao máximo o contato humano com o outro, o desconhecido. O mundo da informação – e do dinheiro – fez também com que os homens buscassem trabalhar “mais do que o necessário” para se alimentar e levar uma vida razoável (Lucas 12:22 e Filipenses 4:6), tendo cada vez menos tempo para a família, para os irmãos e amigos e para servir o seu próprio Deus. O mais interessante é que essas mesmas condutas desse parágrafo são igualmente tomadas por homens e mulheres da igreja.

Assim, cada movimento que surge no mundo e cada invenção que aparece contribuem para uma só conclusão: a de que a profecia afirmadora de que o amor se esfriaria nos últimos dias está se cumprindo (Mateus 24:12)! Principalmente no que toca a questão do amor ao próximo, já que a Bíblia afirma que nestes dias o homem será tomado por um amor a si mesmo maior do que o amor a Deus e ao seus irmãos (2 Timóteo 3:2).

Mas a ordem de Cristo foi totalmente diferente. Ele nos ensinou não só a amar o próximo, mas também que este amor seja ardente (1 Pedro 4:8), pois é esse amor que damos ao nosso irmão é que cobrirá os nossos pecados, os quais foram levados na cruz por Jesus Cristo também em um ato de amor.

Muito além de uma simples recomendação, as ordenanças para se amar ao próximo na palavra de Deus têm peso de lei. Veja:

“A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei. Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás; e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.” (Romanos 13:8-9)

“Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.” (Gálatas 5:14)

“E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.” (Lucas 10:27)

Na última das passagens acima transcritas, Jesus Cristo está respondendo ao questionamento de um doutor da lei que lhe perguntava como faria ele para herdar a vida eterna. E o ensinamento não se resumiu a amar a Deus, mas também a amar o próximo! É claro que Cristo nos ensinou que a salvação se dá através do amor à Deus e por meio d’Ele (João 14:6). Mas aqui Ele nos mostra que o amor à Deus e ao próximo estão intimamente ligados, indissociáveis, impossível exercitar um destes amores e se negar ao outro. Como escrito em Gálatas (acima) impossível é também dizer que cumpre a lei de Deus se não amarmos ao nosso próximo como nós mesmos! O amor ao próximo é então o resumo de todos os outros mandamentos! A Bíblia é categórica ao afirmar que não há nenhum outro mandamento maior do que o de amar a Deus e ao próximo (Marcos 12:29-31), e só faz bem aquele que ama ao seu próximo (Tiago 2:8). Como o livro de Romanos bem ressalta, o amor é uma dívida que jamais será totalmente paga. Por mais que amemos ao próximo, sempre deveremos amar mais e mais, pois o amor expressado na morte de Cristo por nós é inigualável.

Hoje olhamos a igreja e o que vemos é uma situação totalmente diferente. Há irmãos que despertam até a nossa admiração, ao estarem presentes em todas as vigílias, orações, jejuns, campanhas, ofertas. Carregam em si uma grande disposição em servir à Deus e diariamente estão na igreja, mas não amam ao próximo.

Outro dia vi o triste caso de uma mulher que está na igreja há vários anos, criou os seus filhos na igreja, freqüenta a igreja todo domingo, mas, inexplicavelmente, confessou ter roubado a sua própria irmã e ainda disse que colocaria sua própria palavra contra a dela quanto a verdade dos fatos.

Há irmãos também que estão na igreja e que vivem pegando dinheiro emprestado e não pagam, outros dão cheques sem fundo e não cobrem. Outros se assentam e julgam os pecados do outro irmão, dizendo que eles “não são capazes para a fazer a obra de Deus”. Todos estes dizem que ama a Deus, mas o amor não é aplicado em seus olhos, língua e ouvidos quando se referem ao seus próximos.

Enfim, tais homens e mulheres enganam a si mesmos. Pensam que amam a Deus – talvez morrerão acreditando nisso - mas na verdade não amam, porque Deus mesmo disse que o amor a Ele e ao próximo precisam ser simultaneamente exercidos.

Prova disso é o próprio propósito de Deus para o homem. Deus em momento algum quis construir um batalhão de salvos para serví-lo. Pelo menos, não é só esse o Seu propósito. Mas sim, construir uma família. Ele mesmo disse que somos membros uns dos outros, uma família (Efésios 4:25). E uma família nunca será perfeita, se todos os irmãos não provarem serem capazes de amar a todos entre si.

A prova maior disso veremos no dia do julgamento final de Deus, quando todos terão a certeza de que o amor a Deus e ao próximo são unos, inseparáveis. Veja o que Deus dirá àqueles que não “expressaram” o amor que diziam ter em seus corações através de ações de auxílio e amparo ao próximo:

“Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos; Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; Sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me visitastes. Então eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos? Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim.” (Mateus 25:41-45)

Repare que o amor não se manifesta por palavras, mas por ações. Apesar das obras não “salvarem” ninguém (Efésios 2:9), o que vemos acima é que o amor pelo próximo precisa ser demonstrado, como prova de que temos o amor do Pai em nós. Se não demonstramos este amor, a existência do outro é comprometida. E se não temos cravado em nossos corações o amor pelo próximo, provamos a nós mesmos que somos incapazes de fazer parte da família de Deus e de sermos salvos!

Assim, a lição do amor de Deus para os seus filhos passa pelo amor ao próximo. Mentiroso é em trevas está aquele que diz que ama a Deus e não expressa o amor pelo seu irmão. E não sou eu, mas a Bíblia que diz isso.

“Aquele que ama a seu irmão está na luz, e nele não há escândalo. Mas aquele que odeia a seu irmão está em trevas, e anda em trevas, e não sabe para onde deva ir; porque as trevas lhe cegaram os olhos.” (1 João 2:10)

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