Obs. Recomendo a leitura dos dois artigos anteriores, que possuem o mesmo título, para entender melhor o tema tratado neste.
No primeiro artigo, analisamos o que diz a Bíblia a respeito do falso profeta da Apocalipse. Já no segundo, analisamos ainda a história da Igreja Católica Apostólica Romana e de como ele assimilou em suas práticas diversas influências do paganismo. Agora, encerraremos analisando o porquê de os estudiosos sobre o tema entenderem ser reais as possibilidades do falso profeta, analisado no primeiro artigo, ser o líder da religião romana, analisada no segundo artigo.
Antes de tocar num tema tão delicado, é preciso que se deixem claras duas coisas. A primeira é que nenhuma interpretação de profecia bíblica é indiscutível ou absoluta. Mesmo a Igreja Católica, que diz que só o papa pode interpretar a Bíblia, às vezes se contradiz nas interpretações de temas bíblicos
A segunda: ainda que o falso profeta seja o papa, isso não significará que todos os papas anteriores a ele foram corruptos, ímprobos, anti-cristãos ou coisas do tipo. Houveram diversos papas corruptos (como Alexandre VI, Júlio II, Leão X, Paulo III, entre outros), mas outros que pareceram até comprometidos com boas ações. Significará sim que o sistema religioso romano se subverteu ou no mínimo permitiu que adentrasse no seu meio homens inspirados pelo Maligno para enganar os outros e fazerem valer suas vontades (2 Timóteo 3:13).
Analisemos então alguns versículos de Apocalipse, que se referem à Grande Babilônia:
“E vi que a mulher estava embriagada do sangue dos santos, e do sangue das testemunhas de Jesus. E, vendo-a eu, maravilhei-me com grande admiração. (...) Aqui o sentido, que tem sabedoria.. (...) E os dez chifres que viste na besta são os que odiarão a prostituta, e a colocarão desolada e nua, e comerão a sua carne, e a queimarão no fogo. (...) E a mulher que viste é a grande cidade que reina sobre os reis da terra.” (Apocalipse 17:6, 9, 16 e 18)
Ora, o que representa a Babilônia na Bíblia? A Babilônia no Velho Testamento foi governada por homens que desafiavam a Deus e ao seu povo. Os babilônios tinham o costume de servirem diversos deuses através de imagens, num tipo de crença totalmente diferente do culto dos Hebreus, que servia a um único Deus. Três servos de Deus chegaram a ser lançados no fogo, sob ordens do rei babilônico, por se negarem a adorar uma dessas imagens (Daniel 3:12). A multiplicidade de falsos deuses que eles seguiam é citada no livro de Isaías:
“E eis agora vem um carro com homens, e um par de cavaleiros. Então respondeu e disse: Caída é babilônia, caída é! E todas as imagens de escultura dos seus deuses quebraram-se no chão.” (Isaías 21:9)
Na Bíblia, Babilônia representa todo sistema religioso falso, que se contamina, se afasta da verdade ou enfrenta a crença no verdadeiro Deus. O capítulo 17 de Apocalipse aponta para um tempo em meio à Grande Tribulação onde as falsas religiões serão destruídas, deixando de existir. Simbolizadas no falso profeta, o líder do movimento religioso mundial que enfrentará os seguidores de Cristo, tais religiões e o sistema religioso sobre o qual elas se estabeleceram serão então destruídas.
A descrição feita em Apocalipse 17 da Grande Babilônia, na visão de alguns estudiosos, aproxima-se demais da instituição católica romana. No trecho transcrito no início desse artigo as descrições ficam mais evidentes.
O versículo 6 aponta que esta mulher estava “estava embriagada do sangue dos santos”. Na Bíblia, mulher aponta para religião. Tanto que noiva (ou esposa) no livro da profecia aponta para a Igreja de Deus (Apocalipse 19:7), assim como a prostituta aponta para a corrupção religiosa, que se afastou de Deus (Apocalipse 19:2), e ainda a virgem prudente aponta para os servos de Deus que se guardaram do mundo para servir à Deus em santidade (Mateus 25:7). Portanto, a mulher do versículo 6 é um sistema religioso. Não que se manteve puro, mas que matou um incontável número de santos, como fica evidente pelo trecho retirado de Apocalipse citado no início deste parágrafo. Só existem duas instituições na história que mataram um número considerável de seguidores de Cristo. Uma foi o Império Romano (que matava cristãos por se oporem à religião romana e incitarem por isso à desordem), mas que não era uma instituição religiosa, mas política. Outra, essa sim religiosa, foi a Igreja Católica Romana, que pela “Santa Inquisição”, criada em 1183 d.C., matou milhões de pessoas que, independente de seguirem ou não a Cristo, eram mortas simplesmente por não aceitarem a fé católica ou não se alinharem às suas práticas e dogmas.
No mesmo livro, há outra descrição que aproxima ainda mais a Babilônia e o Vaticano. Na descrição bíblica, é descrito que “as sete cabeças são sete montes, sobre os quais a mulher está assentada”. Coincidência ou não, a cidade de Roma, onde está localizado Vaticano, é rodeada por sete montes ou colinas: Quirinal, Viminal, Esquilino, Capitólio, Palatino, Célio e Aventino. Portanto, se a descrição da Bíblia for literal, é difícil duvidar que o falso profeta sairá de Roma, ou necessariamente do próprio Vaticano, já que a religião católica é a única que tem seu centro estabelecido nesta cidade! Não faz tanto sentido aqui dizer que a Grande Babilônia é o Império Romano, como muitos católicos defendem, já que o Império Romano do Ocidente (com sede em Roma) já caiu há mais de 1.500 anos (476 d.C.), e a Bíblia é clara que essa Babilônia a qual se refere será destruída nos tempos do Anticristo e do falso profeta.
Dentro dessa mesma descrição, há uma curiosidade: a palavra Vaticano significa “colinas da profecia”. A simbologia do próprio nome do território onde está estabelecido o governo católico parece apresentar certa ligação com o que está descrito na Bíblia!
Destaco ainda o final do capítulo 17, na visão de João da Grande Babilônia. João na sua visão foi alertado de que a mulher que ele viu “é a grande cidade que reina sobre os reis da terra” A única instituição que ainda subsiste que reinou sobre os reis da terra é a igreja católica romana! O próprio papa Bonifácio VIII (1294-1303), após confronto com o rei Filipe IV, editou uma bula declarando que o poder dos papas era superior ao dos reis, o que aproxima mais ainda a figura do papa à descrição bíblica. A própria Bíblia ressalta que não pode haver relação de subordinação entre líderes religiosos e os reis deste mundo. Pelo contrário, estes se tornaram inimigos daqueles (Salmos 2:2)! No próprio capítulo de Apocalipse 17, versículo 16, há a referência de que os próprios “reis da terra” “odiarão a prostituta, e a colocarão desolada e nua, e comerão a sua carne, e a queimarão no fogo”.
Uma última semelhança na descrição do falso profeta que cabe ser apresentada está em Apocalipse 13:
“E engana os que habitam na terra com sinais que lhe foi permitido que fizesse em presença da besta, dizendo aos que habitam na terra que fizessem uma imagem à besta que recebera a ferida da espada e vivia.” (Apocalipse 13:14)
O falso profeta terá então uma característica bem peculiar de um papa: terá o poder de mandar construir imagens para o culto humano. Essa é uma das atribuições atuais do líder romano. Do Vaticano saem as decisões de quais homens são dignos de ser beatificados e chamados de “santos” nas orações de mais de 1 bilhão de pessoas em todo mundo. No culto católico, é “santo”, e “recebem súplicas” apenas aqueles que foram beatificados, ou legitimados por algum papa! Ainda que falem que o falso profeta não será um papa, não se pode negar que o falso profeta terá uma atribuição que no mundo de hoje só o papa tem. Atribuição esta que o falso profeta terá para convencer o mundo de que o Anticristo é o messias, o salvador que o mundo esperava e estava precisando!
Mesmo em face do que apresentei, mantenho o que disse no início. Volto afirmar que não há base para dizer que um papa será o falso profeta. Apenas que os estudiosos do Apocalipse encontraram fortes características que os aproximam. E hoje, não há plausivamente nenhum outro homem na Terra que se enquadre tão bem nas profecias como o líder da igreja romana, conhecido pela igreja católica como o “Vicário de Cristo e Seu representante na terra”.
O assunto está posto. Cabe a quem lê o tema fazer uma análise crítica sobre essas interpretações. O que vimos nesses três artigos foi uma análise construída sobre fatos e elementos históricos, portanto reais. Como lembrei desde o início, não há base completa para termos certeza de que o último papa será o falso profeta, mas acredito – e procurei assim mostrar - ser no mínimo aceitável a possibilidade de isso acontecer. A interpretação passa longe de ser conclusiva, mas não deixa de ser um alerta. Um alerta para que não acreditemos em tudo que nos é pregado ou que ouvimos de pregadores ou ainda até mesmo dentro de templos religiosos. Verdade plena, absoluta e indiscutível para nós cristãos é só na Bíblia! Por isso, cabe a nós termos atenção para julgarmos biblicamente tudo aquilo que vemos ou ouvimos (1 João 4:1), para que não sejamos enganados em nossa fé por aquilo que nossos olhos parece julgar como bom (2 Coríntios 5:7). A própria Bíblia nos lembra ser possível que enganadores se vistam como religiosos, em pele de ovelha, e leve muitos que acreditam estar seguindo Cristo à perdição.
“Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores.” (Mateus 7:15)
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