Nos últimos anos temos acompanhado o aumento do número de conflitos étnico-religiosos em todo o mundo. Podemos dizer que em todos os continentes da Terra existe ao menos um conflito desse tipo. Ao longo dos séculos, a Babilônia religiosa se multiplicou em diferentes tipos de crenças e práticas religiosas das mais estranhas possíveis. Estátuas, imagens de escultura, astros e até mesmo animais são adorados por diversos povos no mundo.
Mas nenhum conflito chama tanto a atenção do mundo como o dos palestinos contra os israelenses. Um conflito recente, que só surgiu a partir de maio de 1948, época da formação do Estado de Israel, o que, no entender de muitos estudiosos bíblicos, cumpriu a profecia de Ezequiel 37.
Desde o ano 70 d.C até o século passado, os judeus se espalharam pelo mundo, já que não tinham um território pertencente a eles e que abarcasse a cidade de Jerusalém, seu território sagrado. Mas o retorno desta terra ao domínio judeu não se deu de forma pacífica.
Nesses pouco mais de sessenta anos do Estado de Israel, o que não faltou foi derramamento de sangue. Milhares de civis, principalmente palestinos, são mortos a cada ano. Desde que o Estado de Israel se estabeleceu como governo independente, milhares de famílias palestinas foram expulsas de suas próprias casas sob o argumento de que aquele território, onde eles estavam estabelecidos tranquilamente, não o pertencia a eles.
Mas semanas atrás, um fato estranho aconteceu. O papa Bento XVI visitou Israel para tentar aproximar cristãos, judeus e palestinos. O líder da igreja católica abraçou duas religiões inimigas, e que não sustentam crença semelhante à que ele diz ser líder. Além de defender a paz entre os dois povos, o papa defendeu também a criação de um estado palestino junto ao de Israel. Proposta que não agrada em nada os judeus, que não aceitam ceder um território que hoje pertence a eles. Nem aos palestinos, que certamente querem ter o direito de voltar às suas casas, sem restrições.
Mas qual o problema do papa pedir a paz em Jerusalém? Não haveria nenhum se não houvesse interesses escusos por trás disso.
O ponto-chave que comprova a “estranheza” da atitude do líder romano não encontra nenhum respaldo bíblico. Veja a recomendação de Cristo, feita há quase dois mil anos atrás:
"Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia. Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o seu senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa." (João 15:19-20)
Repare que Deus escolheu os seus servos do mundo para serem separados deste. E exatamente por essa “doutrina da separação” que o mundo odiaria aqueles que servem a Deus. Fica claro então que Jesus Cristo recomendava a separação dos seus, e não a união de cristãos com os demais que estão no mundo.
E é aí que está o problema da ação que vemos hoje nos telejornais. Como o papa pode defender a união dos cristãos com judeus e palestinos se o próprio Cristo recomendou que isso jamais acontecesse. Qual o motivo que leva o papa a defender que os cristãos se unam aos demais religiosos do mundo, sendo que Jesus disse que nós seríamos odiados? A resposta a essa questão não é outra, senão a de que o líder da religião católica, ao defender a existência de um movimento ecumênico mundial, está se levantando contra o evangelho pregado pelos apóstolos e seguido por vários séculos, o que é uma verdadeira afronta à própria Bíblia. Comete o mesmo erro de muitos de seus antecessores, que negociavam poder com reis da terra. A verdade do evangelho bíblico e defendido pelos apóstolos é tão segura, a ponto de levar o apóstolo Paulo a defendê-la de qualquer interferência:
“Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.” (Gálatas 1:8)
Ou seja, Paulo está dizendo que qualquer recomendação que vá de encontro daquilo que os apóstolos pregavam seja anátema (o mesmo que amaldiçoada). Os cristãos que seguem essa linha do ecumenismo estão simplesmente abandonando uma verdade bíblica e seguindo uma prática totalmente anti-cristã.
Uma outra pergunta que surge é: qual o interesse do ecumenismo? Fica claro que é tentar colocar fim às separações e discórdias religiosas. Procuram assim trazer uma falsa paz no mundo acompanhada de uma “liberdade religiosa”, que no fim das contas só vai dar a impressão de que a culpa das guerras no mundo são culpa das religiões. E claro, colocariam a culpa principalmente na religião cristã. O que seria apenas um motivo para perseguirem todos os dissidentes, que num futuro próximo teimarão em ficar firmes nas escrituras bíblicas e se recusarão a se alinhar a qualquer doutrina de união com o mundo. O que o chefe da religião romana parece não entender (ou fingir assim) é que havendo um movimento ecumênico mundial, a sua igreja só cometerá um erro maior do que cometeu há dezesseis séculos atrás, quando começou a infiltrar práticas das religiões pagãs de Roma em sua liturgia para atrair fiéis entre os romanos através da construção de uma religião "cristã" com coincidências com as religiões que eles estavam acostumados. Mais uma vez, setores do cristianismo, sob os panos de uma pretensa paz, tem aberto a porta de seus templos para abominações, que só contribuirão para o abandono de práticas genuinamente cristãs gradativamente e de forma quase que imperceptível.
Me entristeço quando vejo as pessoas orando pela paz no mundo. Para este mundo a verdadeira paz jamais virá, senão uma paz falsa e temporária. Sobre a possibilidade de “paz mundial”, a Bíblia assim diz:
“Pois que, quando disserem: Há paz e segurança, então lhes sobre-virá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida, e de modo nenhum escaparão.” (1 Tessalonicenses 5:3)
Ora, se cremos em Deus e na sua justiça, não podemos sequer acreditar que poderá algum dia haver paz nesse mundo senão quando for estabelecido o reino milenar. Deus jamais se faria subserviente à justiça humana, permitindo que a justiça de homens soberbos e avarentos como os desse mundo tivessem o poder de estabelecerem uma paz mundial conforme sua própria justiça.
Em resumo, creditar ao movimento ecumênico mundial o poder de ser a solução para o mundo é negar 3 pontos básicos do cristianismo pregado pelos apóstolos.
- O princípio de que a justiça de Deus é superior à justiça humana;
- O princípio de que fomos separados do mundo por Deus e não deve haver comunhão alguma entre os que estão no mundo e os que foram separados por Deus e;
- O princípio de que a verdadeira paz de Deus está acima de todo conhecimento humano e por este ela é inconcebível (Filipenses 4:7).
Não resta então outra conclusão, senão a de que esse mundo e suas instituições tem caminhado cada dia mais para longe dos verdadeiros princípios da palavra de Deus e se entregado a caminhos enganosos. Caminhos que ameaçam gravemente os valores cristãos e que podem ser responsáveis pelo afastamento involuntário de milhões pessoas de Cristo.
“Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele.” (1 João 2:15)
“Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui.” (João 18:36)
2 comentários:
Olá Nilson!
Li seu texto pelo grupo SS-TT e concordo em grau, gênero e número. Mas aí me vieram algumas perguntas:
1) Até que ponto, podemos crer que evangelizando dia após dia os perdidos deste mundo poderemos ter uma "pitada" de paz em nossa sociedade mau e morta em seus pecados?!
2) Seria anti-bíblico crer que se fizermos o 'dever de casa' Mt. 28:19 "Portanto ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;" teremos uma comunidade MENOS agressiva, menos cruel e com mais compaixão?
3) Seria utopia ou "anti-biblismo" esta sociedade "menos pior" antes do Reino Milenar do Senhor Jesus? Entenda que eu não disse perfeita, disse apenas menos ou seja, ao invés de ver 30 assassinatos por mês, uns 15 acho que já tá bom!
4) Será que se pregarmos o evangelho visando cumprir a ordem de Cristo e de alguma forma crermos que podemos minimizar a maldade que impera neste mundo, estaríamos desviando o foco da mensagem?
Sabe amado irmão, tenho tido alguma dificuldade de olhar em uma banca de jornal os periódicos expostos, tenho evitado ouvir os noticiários televisivos. Sei que a palavra de Deus nos alerta sobre o "esfriamento do amor", "sobre a maldade do homem" mas sinceramente .... eu preciso crer que de alguma forma o evangelho pode minimizar a ação de satanás neste mundo e assim ao menos me dar a sensação de que não é vã nossa pregação!
Fique na paz de Cristo Jesus que transcende todo os problemas e temores deste mundo, seu irmão em Cristo,
Wesley.
Prezado irmão,
Acredito que cada questionamento trazido a tona por você é tema para um livro todo.
Acredito que podemos ter paz espiritual conosco e nossos irmãos na medida em que temos comunhão com Cristo e pregamos Sua Palavra. A paz que eu não acredito que vá existir neste mundo, é o fim das guerras e das desigualdades. Essa sim, só no governo de Cristo poderá existir.
Pregando e batizando com certeza nos fará estar cumprindo a Vontade de Deus. Esse é o nosso papel. Mas a mudança da sociedade não depende só de nós cristãos. Como a Bíblia diz, o mundo em que vivemos jaz no Maligno e no nosso tempo, os homens odeiam-se uns aos outros.
Se pregássemos mais, talvez haveria menos violência. Mas ela não acabaria, pois sempre haverão homens injustos, desafeiçoados, que negam a Cristo. E eles sempre ocuparão postos importantes no poder político mundial, até poque a Bíblia mesmo nos conta que os reis da terra conspiram contra o Senhor.
O importante é termos o foco em Cristo e naqueles que precisam ser salvos, certos de que não mudaremos o mundo, mas somente aqueles que Deus colocar em nosso caminho. A "melhora" do mundo não é possível. Bato nessa tecla, pois a própria Bíblia nos diz que nos últimos dias os homens iriam de mal a pior, enganando e sendo enganados.
É por tudo isso que não acredito "em um mundo melhor". Do contrário, amo e anseio pela volta do Senhor Jesus Cristo.
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