A Bíblia está repleta de comparações. Boa parte delas mostrando o que é mal dos vossos antepassados para que não seja repetido. Outras, mostrando que a história às vezes se repete. Vejamos a passagem abaixo:
“Pois como foi dito nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem. Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos; assim será também a vinda do Filho do homem. (Mateus 24:37-39)
A mesma passagem é repetida no evangelho de Lucas (Lucas 17:26, 27 e 30). Como toda grande obra escrita, a Bíblia tem um início (Gênesis) e um fim (Apocalipse), que apresentam ligação causa-consequência entre si. Os dias de Noé quando comparados com os últimos dias são um claro exemplo disso.
Nos tempos de Noé, a iniqüidade era tamanha que Deus tomou até então a mais drástica de suas decisões: destruir a terra! A Bíblia dá a entender que naquela época as pessoas viviam sem preocupações, comendo, bebendo, se casando. A despreocupação era tanta que nem sequer perceberam quando Noé fechou a Arca com todos aqueles animais. Lembro-me das aulas de criança da escola dominical, onde a professora exemplificava que as pessoas da época provavelmente zombavam de Noé, riam da cara dele, dizendo “Noé, você está louco, caduco! Como pode cair água dos céus e nós vamos ser destruídos! Isso nunca aconteceu! Isso é loucura! Nós não seremos mortos!”. Acredito que Noé tenha ouvido palavras assim. Mas da mesma forma, ele conhecia o Deus que servia e assim como Paulo (Romanos 1:16), mesmo quando era chamado de louco, ele não se envergonhava do Deus que servia.
Mas um dia a porta da Arca se fechou e caiu águas dos céus! O povo daquela época foi destruído! Imagino aqui milhares de pessoas sendo afogadas, desesperadas, batendo na porta da arca gritando “Noé, abra a porta! Não podemos morrer!” ou “Noé, eu te conheço, fui teu amigo, me deixe entrar!”. Mas o tempo da misericórdia já havia passado e era chegado então o tempo do juízo.
Na passagem bíblica mostrada no início deste artigo, há uma comparação entre os tempos de Noé e os últimos dias, nos quais acredito que estamos vivendo. Contudo, penso que estamos vivendo em dias bem piores que os de Noé! Por que?
Naquele tempo as pessoas não viviam na era da informação. Hoje qualquer pessoa com acesso à internet pode saber de Jesus Cristo, conhecer dele (por exemplo, em http://www.espada.eti.br/salvacao.asp, e até mesmo fazer uma oração o aceitando e ser salvo pela internet. No Brasil, o evangelho de Cristo é pregado em quase toda esquina, se multiplicando a olhos vistos e em todos os países o nome de Jesus Cristo foi anunciado! Ouve-se falar em muitas curas e milagres pelo mundo. Só não acredita em Jesus Cristo quem não quiser. Além disso, não estamos mais sob o jugo da lei, o que significa que a salvação não depende mais de obras, mas da graça (Efésios 2:8-9)!
Em caminho oposto ao crescimento do evangelho, a iniqüidade parece crescer mais ainda! Cresce tanto, que a Bíblia dá a entender que se nossos dias se prolongassem e o dia do Senhor tardasse para além do que está marcado, ninguém seria salvo (Mateus 24:22). Hoje em dia, os homens ignoram a Deus e zombam dele por todos os lados. Nas músicas, no falar, no proceder e até nas leis. Nos Estados Unidos, a leitura da Bíblia nas escolas foi até proibida, num claro cumprimento de 2 Pedro 3:3! É o homem querendo andar sozinho, esquecendo-se de Deus. Os crimes têm sido cada vez mais bárbaros, pai jogando filha do alto de prédios, filha matando os pais enquanto eles dormem, numa prova que o amor se esfriou ou desapareceu do coração de muitos, até pelos seus parentes mais próximos (Lucas 12:53; Mateus 24:12). O pecado na nossa sociedade ganha a aceitação e até o amparo das leis, que se levantam contra os valores cristãos em nome dos pecaminosos e muitas vezes abomináveis prazeres dos homens (2 Timóteo 3:4). Ao contrário daquela época, hoje o mundo gira em torno do dinheiro, que tem sido culpado por muitos dos crimes mais bárbaros na nossa sociedade, por ser o principal elemento da desigualdade social num mundo em que uma minoria o tem em sobra e a grande maioria se alimenta mal ou passa fome, bem diferente do que foi ensinado por Jesus Cristo (Mateus 25:44). A própria Bíblia o chama sabiamente de “raiz de todos os males” (1 Timóteo 6:10).
Mas da mesma forma que o julgamento de Deus foi proporcional à iniqüidade daquele tempo, assim o será para o nosso tempo. Se a iniqüidade tomou proporções bem maiores do que no tempo de Noé, o sofrimento reservado aos que proclamam a iniqüidade no nosso tempo é também bem maior. Vejamos na Bíblia:
“Porque, passados ainda sete dias, farei chover sobre a terra quarenta dias e quarenta noites, e exterminarei da face da terra todas as criaturas que fiz. (...) Tudo o que tinha fôlego do espírito de vida em suas narinas, tudo o que havia na terra seca, morreu. Assim foram exterminadas todas as criaturas que havia sobre a face da terra, tanto o homem como o gado, o réptil, e as aves do céu; todos foram exterminados da terra; ficou somente Noé, e os que com ele estavam na arca.” (Gênesis 7:4,22-23)
Nos tempos de Noé, após quarenta dias de águas descendo dos céus, toda criatura viva já estava morta. Afogados, de fome ou seja por qual motivo for, 40 dias depois de ter descido o primeiro pingo de água do céu, não havia mais nenhuma criatura que tivesse fôlego em toda a terra. Depois disso, o mundo foi reconstruído a partir da família de Noé.
Já a desolação dos últimos dias, não se reduzirá apenas a quarenta dias. Vejamos:
“Mas deixa o átrio que está fora do santuário, e não o meças; porque foi dado aos gentios; e eles pisarão a cidade santa por quarenta e dois meses. E concederei às minhas duas testemunhas que, vestidas de saco, profetizem por mil duzentos e sessenta dias.(...) Iraram-se, na verdade, as nações; então veio a tua ira, e o tempo de serem julgados os mortos, e o tempo de dares recompensa aos teus servos, os profetas, e aos santos, e aos que temem o teu nome, a pequenos e a grandes, e o tempo de destruíres os que destroem a terra. Abriu-se o santuário de Deus que está no céu, e no seu santuário foi vista a arca do seu pacto; e houve relâmpagos, vozes e trovões, e terremoto e grande saraivada.” (Apocalipse 11:2-3,18-19)
“E desde o tempo em que o holocausto contínuo for tirado, e estabelecida a abominação desoladora, haverá mil duzentos e noventa dias.” (Daniel 12:11)
Se somarmos o 1.290 dias preditos por Daniel e os 1.260 dias preditos por João, temos 2.550 dias (apenas 5 dias a menos do que 7 anos não-bissextos). Ao que tudo indica, a Bíblia parece apontar que o sofrimento da grande tribulação se estenderá à 1.290 dias (ou 42 meses), aproximadamente à metade dos sete anos em que está “programado” o governo do Anticristo. Um marco que dividirá tal governo parece ser a morte das duas testemunhas, aparentemente destruídas pela besta, dando início a um tempo de tribulação sem precedentes (Marcos 13:19), que é detalhada a partir de Apocalipse 11 até o capítulo 18, onde a Grande Babilônia é destruída, determinando o fim do mundo como nós conhecemos (Apocalipse 18:2).
O sofrimento dessa época será tamanho que as pessoas procurarão a morte e não a encontrarão (Apocalipse 9:6)! Comparando com os tempos de Noé, onde as pessoas queriam ser salvas à vida, na tribulação vindoura nem isso bastará a elas, pois só a mote parecerá ser a saída, tamanha será a dor, o sofrimento e a desesperança! Sem encontrar a morte, as pessoas desejarão até que os montes caiam sobre suas cabeças, em busca de um livramento para seu sofrimento (Lucas 23:30)! Nada disso adiantará.
Eis aí o outro lado da justiça de Deus (Hebreus 10:30; Romanos 12:19)! Muitos ateus defendem que o Deus bíblico não existe, pois, se assim o fosse, não haveriam fomes e tantas calamidades por todo o mundo. Mas se esquecem que se há fome e desigualdade é porque os homens se esqueceram aquilo em que se resume toda a lei de Deus: o amor ao próximo (Gálatas 5:14). Nas escolas, nas ruas, na televisão e nos governos se propagam cada vez mais valores que vão contra o que está escrito na Bíblia. Vivemos numa sociedade que é fruto de homens que há muito abandonaram a fé em Deus (1 Timóteo 4:1). A mesma guerra contra o cristianismo que se iniciou em Roma há cerca de 2.000 anos atrás, quando se perseguia os cristãos vigora até hoje com armas cada vez mais injustas. Somos induzidos a acreditar que os nossos governantes são bons e que as pessoas do poder querem o melhor para o povo. Aqueles que defendem a existência de uma conspiração mundial são vistos como loucos, se esquecendo de que a própria Bíblia diz que “os reis da terra se levantam, e os príncipes juntos conspiram contra o Senhor” (Salmos 2:1-3). Da mesma forma que o juízo de Deus veio sobre a terra de Noé, não adianta tentarmos esconder uma realidade, por mais dura que ela pareça ser: a de que as calamidades descritas em Apocalipse vão sim acontecer e de as suas palavras não são só simbólicas.
Cabe a nós como cristãos, levar a palavra de Deus adiante, a todos quantos forem possíveis, para que se cumpra o propósito divino da salvação no maior número de vidas (1 Timóteo 2:4). Não há outro papel para nós que não seja esse, o de anunciar o evangelho da salvação de Cristo para todos quantos conhecemos (1 Coríntios 9:16).
É claro que num mundo como o de hoje, repleto de iniqüidade, dizer que somos servos de Deus, e ao pregarmos a palavra dele, correremos o risco de, assim como Noé, sermos rotulados como loucos. Mas há de se escolher um só caminho: ou continuamos a levar a nossa vida despreocupada, numa falsa segurança (Daniel 8:25), ou assumimos os rótulos de loucos, fanáticos, e colocamos a cruz de Cristo nos ombros e seguimos a Ele incondicionalmente.
“Visto como na sabedoria de Deus o mundo pela sua sabedoria não conheceu a Deus, aprouve a Deus salvar pela loucura da pregação os que crêem. (...) nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos,(...) mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus. (...) Pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para confundir os sábios; e Deus escolheu as coisas fracas do mundo para confundir as fortes; (...) para que nenhum mortal se glorie na presença de Deus.” (1 Coríntios 1:21, 23, 24, 27 e 29)
“Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguiram e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa. Alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram aos profetas que foram antes de vós.” (Mateus 5:11 e 12)