domingo, 17 de agosto de 2008

É tempo de pregar o Apocalipse

“Está na hora de mudarmos um pouco nossas mensagens. Está na hora de nós irmos para o Apocalipse e dar uma olhadinha no mundo que nós estamos vivendo. É prenúncio do que vai acontecer. Por que não avisar nosso povo? (...) Deus está entregando para nós pastores multidões de gente para nós advertirmos. (...) Jesus está voltando! Preparamo-nos! Preparamo-nos! Porque Ele vem! (...) Não se esqueçam de vez em quando pregarem sobre Arrebatamento! Vão fundo na Bíblia e vocês vão descobrir que a hora de tocar a trombeta chegou! É hora de nós despertarmos do sono!” (Pr. Cesino Bernardino, Abril de 2008, retirado de http://video.google.com/videoplay?docid=-2179847753286922276&hl=en)

Essas foram algumas das palavras faladas esse ano pelo Pr. Cesino, presidente do maior Congresso missionário cristão do Brasil - os “Gideões Missionários da Última Hora”, que é realizado há 25 anos em Balneário Camboriú (SC), nos meses de Abril.

De forma semelhante, a palavra de Deus nos diz que não devemos desprezar as profecias (1 Tessalonicenses 5:20). E elas já são mais do que claras! No nosso tempo, os sinais que evidenciam a chegada do fim dos tempos são bastante nítidos e tudo leva a crer que não se passarão muitos anos para que o mundo conheça a maior tribulação de toda a história.

Contudo, é de se admirar a postura de muitas igrejas, onde esse tema sequer é pregado. O livro do Apocalipse deveria ser o mais pregado no nosso tempo ainda que não tivéssemos sinais claros que estamos nos tempos do fim, pelo simples fato de ser o único livro do Velho Testamento a se referir predominantemente a tempos futuros. Se a própria Bíblia nos alerta para vigiarmos (1 Coríntios 15:34), desprezar o livro de Apocalipse em tempos como os nossos é desprezar a palavra de Deus para nosso tempo pois, se Jesus Cristo disse que voltaria para buscar o Seu povo, esse deve ser o evento mais aguardado e ansiado por todos aquele que crêem n’Ele.

Ás vezes imagino como seria o cumprimento das profecias de Apocalipse no nosso tempo. Muitas igrejas pregam hoje uma palavra puramente de prosperidade, do amor de Deus, mas esquecem do juízo e da vingança de Deus que um dia há de vir (Hebreus 10:30). Imaginem quantos novos convertidos adentram nas portas das igrejas. Milhares! Mas muitos deles não estariam preparados para enfrentar o sofrimento predito na Bíblia porque não conhecem o mundo em que vivem. Conhecem talvez o amor de Deus, os benefícios que Ele tem para oferecer, mas por falta de orientação e leitura bíblica, acabam por desconhecer o fato de que há de vir um tempo que irá exigir um povo cristão preparado e calcado nas verdades da palavra de Deus.

Peguemos o exemplo do Arrebatamento, que é um dos temas mais polêmicos do estudo escatológico. Há um grupo de autores que defende que o Arrebatamento dos santos acontecerá exatamente antes da Tribulação (posição pré-Tribulacionista). Um outro grupo defende que o Arrebatamento acontecerá durante a metade da Tribulação, na “meio” do tempo previsto pelo profeta Daniel (Daniel 12:11-12), e que assim os santos de Deus presenciariam o governo do Anticristo. Mas há ainda um terceiro grupo de autores que têm uma posição pós-Tribulacionista, onde o Arrebatamento só acontecerá depois dos sete anos de Tribulação e assim, os salvos dos últimos dias, a exemplo dos apóstolos, deverão passar pelo martírio e pela morte (Apocalipse 20:4 e 2 Timóteo 3:12), enfrentado inclusive o governo do Anticristo em nome do evangelho de Cristo. Quando o assunto é Arrebatamento, não há “verdade absoluta”, pois a interpretação bíblica do assunto não é consensual.

Agora, imaginemos que esse terceiro grupo de autores esteja certo e que o Arrebatamento só ocorra depois da Tribulação. Quantos desses novos convertidos, dessas igrejas que não pregam a revelação dos últimos dias, estarão preparados para entender que o Deus de Israel não é só de misericórdia eterna e de bênçãos sem fim (Judas 1:15)? Muito poucos. Quantos cristãos hoje estariam aptos para entender o que se passa no mundo e a reconhecer o Anticristo quando ele aparecer e não serem enganados (2 Tessalonicenses 2:11)? Apenas aqueles que conhecerem a palavra de Deus e estiverem preparados para esse tempo.

Levados pelo conformismo, medo ou por puro desconhecimento, muitos cristãos ainda preferem não adentrar no livro de Apocalipse. A igreja do nosso tempo (pelo menos na maioria dos países do mundo) não está acostumada com o “sofrimento” e com a perseguição religiosa. Somos totalmente acomodados com a segurança da vida que levamos (Daniel 8:25) simplesmente porque ainda não fomos “obrigados” naturalmente a optar entre nossas vidas e seguir à Deus (Mateus 10:39). Às vezes lemos a Bíblia, vemos como foi o fim da vida dos apóstolos e achamos bonito, mas sequer imaginamos qual seria a nossa postura se tivéssemos que passar pelas mesmas situações. Assim, acabamos por preferir o estudo do passado em detrimento do futuro. Preferimos usar a Bíblia como elemento motivacional, tirando dela aquilo que nos agrada, do que tê-la como referência para o presente. Exemplo disso é o grande número de pregadores de hoje que são doutores em pregar sobre dízimos e ofertas nas igrejas e quão poucos são aqueles que pregam sobre a ira vindoura. Quão grande também é o número de pregadores que preferem falar sobre as bênçãos que Deus pode dar aos que o buscam e quão poucos são aqueles que “tocam na ferida do pecado”. Isso é trocar o incorruptível pelo corruptível (1 Coríntios 9:25).

A palavra de Apocalipse deveria ser a primeira a ser pregada, pois hoje ela é mais importante que qualquer outro tipo de recomendação doutrinária. O livro da revelação vai muito além das duras profecias, das dores e do futuro mundial, o livro de Apocalipse nos traz mensagens também de perseverança (Apocalipse 2:25), de vigilância (Apocalipse 3:11) e de que devemos ser disciplinados por Deus (Apocalipse 3:19). E essas são as posturas mais indicadas à igreja de nosso tempo: perseverar na palavra, vigiar constantemente nossa conduta para não sermos pegos de surpresa, e a disposição em nos submeter aos propósitos e à disciplina de Deus. Pois quem não for disciplinado, terá que passar pelo juízo de Deus, e nesse último as conseqüências são duras e eternas.

O tempo em que vivemos é penoso demais (2 Timóteo 3:1) para buscarmos alegrias e satisfações terrenas. A igreja de hoje não deve se alegrar tanto, mas se ajoelhar e chorar pois a situação do mundo que vivemos é a pior de todos os tempos. Nunca se pecou tanto, se profanou tanto o nome de Deus, nunca houveram tantas famílias desestruturadas e nunca o evangelho de Deus foi tão criticado como agora. Daí a importância de conhecermos o que se passa no mundo, e que pensam e como agem os nossos governantes, para que não sejamos enganados ou levados com a multidão à plena aceitação de tudo que nos é oferecido.

Lembremos que a verdadeira igreja de Deus não é aquela que se reúne nos templos aos domingos e que diz ser cristã. Como bem disse o Pr. Cesino, do meio desses muitos que se reúnem nas igrejas é que serão retirados aqueles que de fato são a noiva do Cordeiro (Mateus 7:21), que clamam pela sua vinda, pois estes sim são chamados de verdadeira igreja de Cristo (2 Timóteo 4:8). Uma igreja que não ama a vinda de Cristo, que não clama por seu retorno dia após dia, dificilmente será completamente salva. É como uma noiva que diz que ama o seu noivo, mas não sofre de saudades enquanto ele não chega. A mensagem que deixo aqui é a mesma do pastor que citei no primeiro parágrafo. Que não nos cansemos de falar sobre os últimos dias. Que alertemos a todos quantos conhecemos de que o tempo da ira de Deus está próximo. Que olhemos para o mundo em que vivemos para ver o cumprimento das profecias e que nós, como povo escolhido de Deus, não sejamos enganados pelo conformismo e pela apostasia do mundo em que vivemos.

“E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” (Romanos 12:2)

“Por isso, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até à perfeição, não lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus, E da doutrina dos batismos, e da imposição das mãos, e da ressurreição dos mortos, e do juízo eterno.” (Hebreus 6:1-2)

Nenhum comentário: